Voltando à pêra rocha
Como acompanhei durante uns dias a transferência meta-cerebral de Ludwig para bits, li nas caves do seu blog o seguinte (e assim termino um tríptico dedicado aos que, como ele também escreveu, julgam saber qual é a «escala destas coisas») : «responsabilidade moral advém do controlo autónomo e não do conceito vago de "podia ter sido de outra forma"»
Na sofreguidão engana-se. A ‘Responsabilidade Moral’ advém em primeira instância de se poder falar destes dois conceitos: ‘responsabilidade’ e ‘moral’. O ‘determinismo’ ou o ‘indeterminismo’ são meros labirintos mentais.
Ora ‘responsabilidade’ é um conceito que exige ‘finalidade’. Sem fim não há meio, sem ponta não há cabo. Sem o conceito duma ‘vontade externa’, ‘responsabilidade’ é um artifício literário, uma táctica de sobrevivência, um capítulo dum livro da Paula Bobone. Pouco melhor que uma mão cheia de nada.
E a moral, também não vale a pena elaborar muito, é apenas um efeito secundário da existência dum Ser que nos transcende; podemos fazer correr rios de tinta, falar do holocausto e do pirilampo mágico, falar do bem, do mal, e do assim-assim, mas não passa disso. A nossa condição implica uma moral da mesma forma que o trapezista em suspensão está sempre dependente em primeiro lugar do serralheiro que montou o trapézio, e só depois pode inventar nas piruetas para ver se anima a assistência e se ganha algum; e, então, até pode sonhar que voa por conta própria. Mas, sem serralheiro o trapezista é pouco mais que um cavalinho de cortesia.
É por isso que na hidráulica religiosa a moral é algo que também se ‘negoceia’ com Deus. Já aqui citei uma vez a ironia de C.S. Lewis em ‘The Screwtape letters’ : «Existem dois tipos de pessoas: aquelas que dizem a Deus: ‘ Muito bem, assim será feito’, e aquelas a quem Deus diz: ‘ Está bem, então faz isso à tua maneira’». Estamos sempre entre o trapézio e o túnel de vento. Depois de Paulo Bento todas a noções de tranquilidade devem ser reavaliadas.
Resta-nos depois essa ideia interpretativa pós-robótica de que, afinal, nos gerimos num sofisticado esquema de ‘controlo autónomo’, quais uns controleiros de nós próprios: o estalinismo intelectual de que não passaríamos dum algoritmo de personalidade embrulhado de epiderme descolorida; é, de facto, mais uma das extrapolações que inquinam as construções evolucionistas, na ânsia de tudo explicar, de nada pôr de lado, como cozinheiras que fritam os pastéis de bacalhau e os croquetes no mesmo óleo. S. Tomás d’Aquino comparado com esta rapaziada parece um mineralogista.
A espeleologia científica quando sai da gruta corre o risco de ver estalactretas em todo lado.
Como acompanhei durante uns dias a transferência meta-cerebral de Ludwig para bits, li nas caves do seu blog o seguinte (e assim termino um tríptico dedicado aos que, como ele também escreveu, julgam saber qual é a «escala destas coisas») : «responsabilidade moral advém do controlo autónomo e não do conceito vago de "podia ter sido de outra forma"»
Na sofreguidão engana-se. A ‘Responsabilidade Moral’ advém em primeira instância de se poder falar destes dois conceitos: ‘responsabilidade’ e ‘moral’. O ‘determinismo’ ou o ‘indeterminismo’ são meros labirintos mentais.
Ora ‘responsabilidade’ é um conceito que exige ‘finalidade’. Sem fim não há meio, sem ponta não há cabo. Sem o conceito duma ‘vontade externa’, ‘responsabilidade’ é um artifício literário, uma táctica de sobrevivência, um capítulo dum livro da Paula Bobone. Pouco melhor que uma mão cheia de nada.
E a moral, também não vale a pena elaborar muito, é apenas um efeito secundário da existência dum Ser que nos transcende; podemos fazer correr rios de tinta, falar do holocausto e do pirilampo mágico, falar do bem, do mal, e do assim-assim, mas não passa disso. A nossa condição implica uma moral da mesma forma que o trapezista em suspensão está sempre dependente em primeiro lugar do serralheiro que montou o trapézio, e só depois pode inventar nas piruetas para ver se anima a assistência e se ganha algum; e, então, até pode sonhar que voa por conta própria. Mas, sem serralheiro o trapezista é pouco mais que um cavalinho de cortesia.
É por isso que na hidráulica religiosa a moral é algo que também se ‘negoceia’ com Deus. Já aqui citei uma vez a ironia de C.S. Lewis em ‘The Screwtape letters’ : «Existem dois tipos de pessoas: aquelas que dizem a Deus: ‘ Muito bem, assim será feito’, e aquelas a quem Deus diz: ‘ Está bem, então faz isso à tua maneira’». Estamos sempre entre o trapézio e o túnel de vento. Depois de Paulo Bento todas a noções de tranquilidade devem ser reavaliadas.
Resta-nos depois essa ideia interpretativa pós-robótica de que, afinal, nos gerimos num sofisticado esquema de ‘controlo autónomo’, quais uns controleiros de nós próprios: o estalinismo intelectual de que não passaríamos dum algoritmo de personalidade embrulhado de epiderme descolorida; é, de facto, mais uma das extrapolações que inquinam as construções evolucionistas, na ânsia de tudo explicar, de nada pôr de lado, como cozinheiras que fritam os pastéis de bacalhau e os croquetes no mesmo óleo. S. Tomás d’Aquino comparado com esta rapaziada parece um mineralogista.
A espeleologia científica quando sai da gruta corre o risco de ver estalactretas em todo lado.
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