Gotham City
Viver com hipóteses é uma óptima alternativa num mundo onde se tem de pôr em constante coabitação uma inteligência humana de tendência aglutinadora e assertiva, com uma condição que apela inexoravelmente à suspeita de um desconhecido.
No entanto, ‘viver com o desconhecido’ comporta riscos e, por isso, há que fazer apelo a todas as faculdades humanas: as sensoriais (por exemplo, quando não se vê pode-se cheirar, ouvir melhor, apalpar a trepidação, etc – esta era para o ‘exemplo do carro’, dos comentários do Ludwig), a capacidade de amar, a imaginação, a confiança, o espírito crítico, entre muitas outras.
Ao homem não parece que lhe seja exigido que prove ter uma razão para existir, o próprio esmiuçar do ‘sentido para a vida’, do qual a religião reivindica os direitos de imagem, no limite, é prescindível. Aparentemente a vida fez-se para se consumir e não para se explicar.
A mensagem Cristã, ela mesmo, é uma mensagem de caminho, de chamamento, a grande novidade nem é tanto a existência de Deus, é a forma como Ele se relaciona connosco. Há, de facto, no âmago do cristianismo até um certo desligamento da verdade, (apesar de expressões fortes como «eu sou o caminho, a verdade e a vida») daquele sentido desportivo da verdade enquanto fasquia. É o tal sapo cristão: ‘razão de ser’ muito colada à salvação que é, em certa medida, uma ‘razão de morrer’.
Eu até entendo o esforço de tentar viver sem Deus. É quase uma generosidade limite. Mas, depois, vai-se a ver, é antes uma limitação à generosidade, pois só com Deus é que se pode falar do outro; sem Ele, a individualidade é uma quimera.
Deus tornar-se-á um conceito prático, a certa altura, sim, mas como é mais prático amar um filho se o queremos criar, ou não ser dos lagartos se queremos passar um fim de semana sossegado, mas, depois, o mecanismo da fé – que é preciso conhecer, e com método, saliente-se - transforma-O no grande roubo da nossa vida. E ao ladrão não lhe faz falta nenhuma saber álgebra quando tem o saque à sua frente: quer tudo. Daí que, é verdade, a fé promove a tendência de secar tudo à volta.
Mas os Evangelhos relatam também o exemplo fantástico da relutância em acreditar, da incredulidade, da duplicidade entre o medo e o fascínio que as mensagens mais radicais provocam na natureza humana.
A experiência religiosa a par da experiência do conhecimento é uma riqueza da nossa condição e um património da Criação. Até Deus quis experimentar.
Viver com hipóteses é uma óptima alternativa num mundo onde se tem de pôr em constante coabitação uma inteligência humana de tendência aglutinadora e assertiva, com uma condição que apela inexoravelmente à suspeita de um desconhecido.
No entanto, ‘viver com o desconhecido’ comporta riscos e, por isso, há que fazer apelo a todas as faculdades humanas: as sensoriais (por exemplo, quando não se vê pode-se cheirar, ouvir melhor, apalpar a trepidação, etc – esta era para o ‘exemplo do carro’, dos comentários do Ludwig), a capacidade de amar, a imaginação, a confiança, o espírito crítico, entre muitas outras.
Ao homem não parece que lhe seja exigido que prove ter uma razão para existir, o próprio esmiuçar do ‘sentido para a vida’, do qual a religião reivindica os direitos de imagem, no limite, é prescindível. Aparentemente a vida fez-se para se consumir e não para se explicar.
A mensagem Cristã, ela mesmo, é uma mensagem de caminho, de chamamento, a grande novidade nem é tanto a existência de Deus, é a forma como Ele se relaciona connosco. Há, de facto, no âmago do cristianismo até um certo desligamento da verdade, (apesar de expressões fortes como «eu sou o caminho, a verdade e a vida») daquele sentido desportivo da verdade enquanto fasquia. É o tal sapo cristão: ‘razão de ser’ muito colada à salvação que é, em certa medida, uma ‘razão de morrer’.
Eu até entendo o esforço de tentar viver sem Deus. É quase uma generosidade limite. Mas, depois, vai-se a ver, é antes uma limitação à generosidade, pois só com Deus é que se pode falar do outro; sem Ele, a individualidade é uma quimera.
Deus tornar-se-á um conceito prático, a certa altura, sim, mas como é mais prático amar um filho se o queremos criar, ou não ser dos lagartos se queremos passar um fim de semana sossegado, mas, depois, o mecanismo da fé – que é preciso conhecer, e com método, saliente-se - transforma-O no grande roubo da nossa vida. E ao ladrão não lhe faz falta nenhuma saber álgebra quando tem o saque à sua frente: quer tudo. Daí que, é verdade, a fé promove a tendência de secar tudo à volta.
Mas os Evangelhos relatam também o exemplo fantástico da relutância em acreditar, da incredulidade, da duplicidade entre o medo e o fascínio que as mensagens mais radicais provocam na natureza humana.
A experiência religiosa a par da experiência do conhecimento é uma riqueza da nossa condição e um património da Criação. Até Deus quis experimentar.
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