Dou consultas às quartas. Atendimento por ordem de chegada.

Vou directo ao assunto: Passos Coelho devia pôr os olhos em António Guterres. O seu sonho juvenil de marcar território com uma mijadela neo-liberal não o leva a lado nenhum. No poder está uma emulação cavaquista e, olhando para o passado, a fórmula de sucesso, já testada, de sheltox para cavacos é o guterrismo. (Santana e Ferreirinha serão obvias pêras doces para Sócrates)
A memória do Guterrismo é de tempos de anestesiamento e felicidade, juros e petróleo barato, diálogo e medidas transversais. Ora o que é que todos queremos hoje?: precisamente um sossego transversal, uma longa epiduralização da existência, um 'fodam para aí essa merda toda mas não me chateiem'. E isso só o guterrismo pode prometer e cumprir. Sem stresses nem ansiedades, e um ar porreiraço entre o bonacheirão e o sacristão; entrada de lago com patinhos e saída de pântano para chernes.
Guterres deve pois ser o modelo para onde Passos deve olhar. Ir para Sócrates de falinhas mansas mas sincopadas, ameaçando-o com o inferno por não respeitar a paz interior da nação, entremear com um empolgamento vangelisco e deixar acamar com um olhar de ternura.
A entrada pelo nicho comuna deverá fazê-lo pelo método Pacheco-pereirianoo, oferecendo vouchers de cabeleireira para todas as mulheres desempregadas têxteis, devendo igualmente piscar o olho à dentadura de Manuel Monteiro, e entregar-lhe generosamente a canela de Portas.
Finalmente, a iconografia é o esquema do costume: agrisalhar a zona das patilhas, dar a saber que tem um primo afastado que é paneleiro, e ser conhecido por ter ajudado a pagar o restauro da pia benta duma paróquia de mães solteiras.
Prometer, prometer, apenas a felicidade.

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