Post patrocinado pela Hoyo de Monterrey
Um dos discursos mais enternecedores é aquele que nos informa que toda a análise Ética teria de ser feita isolada do mecanismo religioso, leia-se: como se Deus não exista – ou, género, ‘exista Ele, ou não’.
Ora hoje é um dia litúrgico marcado pelo mais precioso dos absurdos, celebra-se o Espírito Santo, uma das pessoas daquele parnaso teológico chamado Trindade de Deus. Essa espécie de António Damásio da divindade, fórmula mágica que Deus arranjou para salvar da heresia todos os imanentistas com bom feitio, e dar uma réstia de esperança aos cépticos encartados é, sem margem para dúvidas, um dos elos poéticos desta caldeirada que se dá pelo nome da Criação.
Sabendo que o homem se haveria de enredar nesse novelo moral chamado ‘O bem, o mal e o assim assim’, Deus tinha de encontrar uma terceira via que continuamente fosse pondo água na fervura que são as relações entre Pai e Filho, e que todo o santo dia se emaranha pelas paredes da alma de qualquer crente- fora aqueles momentos em que fuma um charuto em condições como é o caso.
O Espírito Santo é uma espécie do Deus Moral-free, existe para nos iluminar, esclarecer, ir dando umas abébias, e permitir que vivamos num karma oficioso, que nem budistas mas sem medo de ter piolhos no cabelo.
O silogismo definitivo e resumido é este: o pecado é um instrumento do perdão, o perdão é um instrumento de Deus, logo só há pecado se existir Deus, logo só há bem e mal se existir Deus; sem Deus isto é um interminável assim assim, filho de rasuras em Contratos Sociais e birras de Leviatans. Sem Deus, não há um único raciocínio ético que não possa ser desmontado com outro equivalente, toda a Ética será uma mera gestão de culpas e não agressões, com mais ou menos castigo, estará entre o capote a sacudir-se e a máxima rentabilização dos direitos de autor.
O cristianismo – querendo aqui significar apenas a ‘revelação religiosa’ feita por Cristo – funda , de facto, uma nova relação do homem com Deus, e deixa-o mais livre para se relacionar com Ele e com o mundo. Se nos afastarmos da condicionante histórica ( o médio oriente, os judeus, o paganismo, o império romano, etc), constataremos facilmente que a sua grande novidade é esta: Deus está dentro de cada um de nós e entranha-nos por essa fórmula mitigadamente cartesiana: penso, logo sou filho de Deus. O Espirito Santo, deliciosamente colocado num olimpo poético-exegético, demonstra que a moral é filha do casamento entre a fé e o pensamento. E também me dá boas indicações de que o novo disco dos The National é, de facto e imanentemente, bastante bom.
Um dos discursos mais enternecedores é aquele que nos informa que toda a análise Ética teria de ser feita isolada do mecanismo religioso, leia-se: como se Deus não exista – ou, género, ‘exista Ele, ou não’.
Ora hoje é um dia litúrgico marcado pelo mais precioso dos absurdos, celebra-se o Espírito Santo, uma das pessoas daquele parnaso teológico chamado Trindade de Deus. Essa espécie de António Damásio da divindade, fórmula mágica que Deus arranjou para salvar da heresia todos os imanentistas com bom feitio, e dar uma réstia de esperança aos cépticos encartados é, sem margem para dúvidas, um dos elos poéticos desta caldeirada que se dá pelo nome da Criação.
Sabendo que o homem se haveria de enredar nesse novelo moral chamado ‘O bem, o mal e o assim assim’, Deus tinha de encontrar uma terceira via que continuamente fosse pondo água na fervura que são as relações entre Pai e Filho, e que todo o santo dia se emaranha pelas paredes da alma de qualquer crente- fora aqueles momentos em que fuma um charuto em condições como é o caso.
O Espírito Santo é uma espécie do Deus Moral-free, existe para nos iluminar, esclarecer, ir dando umas abébias, e permitir que vivamos num karma oficioso, que nem budistas mas sem medo de ter piolhos no cabelo.
O silogismo definitivo e resumido é este: o pecado é um instrumento do perdão, o perdão é um instrumento de Deus, logo só há pecado se existir Deus, logo só há bem e mal se existir Deus; sem Deus isto é um interminável assim assim, filho de rasuras em Contratos Sociais e birras de Leviatans. Sem Deus, não há um único raciocínio ético que não possa ser desmontado com outro equivalente, toda a Ética será uma mera gestão de culpas e não agressões, com mais ou menos castigo, estará entre o capote a sacudir-se e a máxima rentabilização dos direitos de autor.
O cristianismo – querendo aqui significar apenas a ‘revelação religiosa’ feita por Cristo – funda , de facto, uma nova relação do homem com Deus, e deixa-o mais livre para se relacionar com Ele e com o mundo. Se nos afastarmos da condicionante histórica ( o médio oriente, os judeus, o paganismo, o império romano, etc), constataremos facilmente que a sua grande novidade é esta: Deus está dentro de cada um de nós e entranha-nos por essa fórmula mitigadamente cartesiana: penso, logo sou filho de Deus. O Espirito Santo, deliciosamente colocado num olimpo poético-exegético, demonstra que a moral é filha do casamento entre a fé e o pensamento. E também me dá boas indicações de que o novo disco dos The National é, de facto e imanentemente, bastante bom.
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