De rerum fartura
Há pouco ouvi na televisão : «sou sportinguista de gema e belenenses do coração». A chamada paixão da bola revela-nos assim inesperadamente os meandros mais recondidos do Real, que filósofos ao longo de séculos se esmifraram por catalogar, decifrar, montar e desmontar numa infindável bricolage. É pois nesta distinção entre ‘Gema’ e ‘Coração’ que radicam as grandes fracturas do Espírito e seus pontos de ligação com a Matéria.
A Matéria é una e indivisível, despolarizada ( tirando aquela invenção chamada electricidade, que, como sabemos, é apenas uma das brincadeiras da divindade) e precisa visceralmente da tensão existente entre estes dois pólos do Espírito para se libertar da grande masmorra da inércia, da atracção universal e dos pirilampos mágicos da física quântica.
A ‘Gema’ constituirá a parte do espírito responsável pelas pulsões mecânicas e de tendência repetitiva enquanto o ‘Coração’ está ligado às pulsões de registo errático e imprevisível. A Matéria, colocada desde o momento genesial no meio destas duas fontes de movimento e tremideira, oscila entre o esgazeamento e o espasmo e vai alcançando os seus melhores compromissos nos dias em que o espírito tira umas horas para ir à bola e comer uns coiratos.
Geralmente, numa primeira fase, a ‘Gema’ afeiçoa-se às partes da Matéria mais ternurentas e calmas – género pôr’s do sol e bébes a bolsar - enquanto o Coração fica com as partes do real mais turbulentas e instáveis – género lampiões em crise de identidade e digestão de leguminosas. Segue-se o momento em que a ‘Gema’ enfarinha um pouco e fica atraída por movimentos do Matéria mais entediantes – género preliminares e lord byron – e o ‘Coração’ se aproxima dela via a ligação a realidades sensorialmente amorfas – género brincos de argolas e abstraccionismo kandinskyco
Este mero vislumbre da possibilidade duma proximidade entre a ‘Gema’ e o ‘Coração’ (dá-se ali algures entre Alcântara e a Penha de França) serve de propulsor do novo movimento efervescente dos dois constituintes primários do Espírito. É a vez da ‘Gema’ se colocar novamente junto das partes mais extasiáveis da Matéria, enquanto o ‘Coração’ se encaixa em entardeceres e festinhas no cabelo. Note-se, e nem é despiciendo, foi também à conta deste mecanismo de ir e vir que se descobriram as possibilidades dos motores de explosão e o percurso migratório das andorinhas e dos espermatozoides, e será alguma irreverência da Matéria face às instruções destas madrinhas da espiritualidade o que explicará neuroses dispersas, desgostos de amor e das restantes vias urinárias .
‘Gema’ e ‘Coração’ convivem assim desde o início dos tempos neste babysitting da realidade material, fundando de forma subtil toda a representação na mente e mobilizando a evolução Metafísica desde a Essência aos Passarinhos Fritos; não fora pois a tão maltratada paixão da Bola e permaneceríamos reféns dos espartilhos de aristóteles & kant, e jamais poderíamos descobrir que umas Farturas comidas na beira dum carrocel são tanto filhas duma Gema e dum Coração como duma margarina e duma fritura.
Há pouco ouvi na televisão : «sou sportinguista de gema e belenenses do coração». A chamada paixão da bola revela-nos assim inesperadamente os meandros mais recondidos do Real, que filósofos ao longo de séculos se esmifraram por catalogar, decifrar, montar e desmontar numa infindável bricolage. É pois nesta distinção entre ‘Gema’ e ‘Coração’ que radicam as grandes fracturas do Espírito e seus pontos de ligação com a Matéria.
A Matéria é una e indivisível, despolarizada ( tirando aquela invenção chamada electricidade, que, como sabemos, é apenas uma das brincadeiras da divindade) e precisa visceralmente da tensão existente entre estes dois pólos do Espírito para se libertar da grande masmorra da inércia, da atracção universal e dos pirilampos mágicos da física quântica.
A ‘Gema’ constituirá a parte do espírito responsável pelas pulsões mecânicas e de tendência repetitiva enquanto o ‘Coração’ está ligado às pulsões de registo errático e imprevisível. A Matéria, colocada desde o momento genesial no meio destas duas fontes de movimento e tremideira, oscila entre o esgazeamento e o espasmo e vai alcançando os seus melhores compromissos nos dias em que o espírito tira umas horas para ir à bola e comer uns coiratos.
Geralmente, numa primeira fase, a ‘Gema’ afeiçoa-se às partes da Matéria mais ternurentas e calmas – género pôr’s do sol e bébes a bolsar - enquanto o Coração fica com as partes do real mais turbulentas e instáveis – género lampiões em crise de identidade e digestão de leguminosas. Segue-se o momento em que a ‘Gema’ enfarinha um pouco e fica atraída por movimentos do Matéria mais entediantes – género preliminares e lord byron – e o ‘Coração’ se aproxima dela via a ligação a realidades sensorialmente amorfas – género brincos de argolas e abstraccionismo kandinskyco
Este mero vislumbre da possibilidade duma proximidade entre a ‘Gema’ e o ‘Coração’ (dá-se ali algures entre Alcântara e a Penha de França) serve de propulsor do novo movimento efervescente dos dois constituintes primários do Espírito. É a vez da ‘Gema’ se colocar novamente junto das partes mais extasiáveis da Matéria, enquanto o ‘Coração’ se encaixa em entardeceres e festinhas no cabelo. Note-se, e nem é despiciendo, foi também à conta deste mecanismo de ir e vir que se descobriram as possibilidades dos motores de explosão e o percurso migratório das andorinhas e dos espermatozoides, e será alguma irreverência da Matéria face às instruções destas madrinhas da espiritualidade o que explicará neuroses dispersas, desgostos de amor e das restantes vias urinárias .
‘Gema’ e ‘Coração’ convivem assim desde o início dos tempos neste babysitting da realidade material, fundando de forma subtil toda a representação na mente e mobilizando a evolução Metafísica desde a Essência aos Passarinhos Fritos; não fora pois a tão maltratada paixão da Bola e permaneceríamos reféns dos espartilhos de aristóteles & kant, e jamais poderíamos descobrir que umas Farturas comidas na beira dum carrocel são tanto filhas duma Gema e dum Coração como duma margarina e duma fritura.
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