operação canudo dourado


Todo o executivo, mais as eminências pardas do largo rato, estavam agora empenhados em limpar a imagem do seu timoneiro de turno, denegrida apenas por um mero deslize relacionado com um curso de engenharia tirado às três pancadas (sem ofensa para o bilhar, claro)

Uma estratégia colheu de imediato a adesão de todos: haveria que investigar os podres curriculares de toda a concorrência. O incansável Coelho, já com o trabalhinho feito de casa, apresentou quais as pistas sólidas a seguir.

1.a catequese de Paulo Portas. Há fortíssimas suspeitas de que a 1ª comunhão de Paulo Portas tenha sido efectuada com falhas graves na Avé Maria. Consta inclusive que no acto da persignação, um movimento mais lançado do dedo em riste tenha chegado a vazar um olho à catequista, facto esse que foi imediatamente abafado pela sua mãezinha, a troco de dois enchidos de chaves, e por uma marquise nova desenhada pelo paizinho, que acabou até por lhe dar crédito para o crisma, mesmo com o credo colado com cuspo

2.a altura de marques Mendes. Conta-se pelos corredores do arquivo de identificação que Marques Mendes tirou o BI a um domingo, com uma fita métrica trazida de casa, e só assim conseguiu passar a barreira do metro e vinte, condição essencial para que tivesse sido ministro com pasta no governo de cavaco silva, homem muito exigente, como sabemos, no que concerne à estatura humana, leis de gresham e frango de caril. Mas estávamos numa época em que os homens ainda se mediam aos palmos e não como agora que é às palmas.

(pequena pausa para aplaudir Sócrates)

3. a vil soldadura de Jerónimo. Foi durante muitos anos um dos segredos mais bem guardados do PC e do cânone revolucionário em geral: estávamos ainda na grande noite negra do fascismo quando Jerónimo de Sousa prestavelmente soldou de forma precisa e cuidadosa uma biela do mercedes de champalimau em vez de lhe ter imediatamente fodido as jantes, o diferencial e a árvore de cames. Esse facto foi omitido na sua candidatura ao comité central e esteve praticamente a comprometê-lo quando em paralelo se descobriu que em vez de ter bufado que tinha visto Zita Seabra a comungar na Igreja de Alhandra foi com ela comer umas enguias a Salvaterra.

4. Santana Lopes e Sá Carneiro. O curriculum de Santana referia como experiência profissional 237 pequenos-almoços com Sá Carneiro. No entanto, bastou uma breve investigação junto de várias pastelarias da capital para se confirmar que em duas situações apenas se tinha tratado da ingestão de simples croissants com fiambre sem líquidos; noutras três, um dos comensais tinha usado Hermesetas, o que não era compaginavel com o conceito de refeição, e, num caso bem concreto - pasme-se ao ponto que as pessoas chegam para encher curriculums - Sá Carneiro não tinha chegado sequer a barrar de manteiga a torrada, o que imediatamente desclassificaria essa refeição, e a remeteria para o conceito não curricular de: bucha matinal.

5. Louçã e o mercado. Uma das mais incómodas revelações de toda a investigação era a de que Louçã teria terminado o curso de economia sem fazer a mínima ideia do que era o conceito de mercado. Vários professores foram obrigados a confessar que o chegaram a ver com curvas da oferta e da procura à cintura, vergastando-se, e julgando que eram elementos de tortura capitalista, dois colegas confirmaram ainda que o ouviram perguntar a uma miúda de letras se queria ir brincar aos pontos de equilíbrio que assim até ele fazia de lei de paretto, num claríssimo caso de abuso ilícito de conhecimento.

6. a indiferença social de Mizé Nogueira Pinto. O caso desta grande senhora da direita (a do fado já estava ocupado por Cidália Moreira) não alinhada estava relacionado com incorrecções apresentadas aquando da sua passagem pelas Misericórdias. Uma investigação junto da sopa dos pobres de 87 conseguiu obter depoimentos seguros de que Mizé juntava água na sopa para bater o record de caldos verdes distribuídos por noite e que estava na posse da rival duquesa do cadaval, ex aequo com Margarida Prieto e com um segurança do Kremlin.

7. Belmiro e o Totta. Uma análise aprofundada à primeira grande operação de privatização da banca em Portugal demonstrou que Belmiro tinha escondido a sua condição de engenheiro aquando da 1ª reunião com Mário Conde do Banesto, porque este ameaçava comprar tudo o que cheirasse a ferrugem numa histórica – e ruinosa - vertigem de aquisições industriais. Belmiro chegou a dizer que era apenas licenciado em românicas, com tese em Virgílio – por indicação de clara ferreira Alves - para que Conde nada desconfiasse e lhe deixasse fazer as actualizações de cashflows e os cálculos dos PER’s.

Mas a J. Sócrates também o apoquentava a concorrência interna e por isso J. Coelho tirou um primo da cartola

8. As rimas de Alegre. Foram encontradas várias folhas soltas na casa de Alegre que o ligavam ao tráfego ilegal de terminações em ‘ente’, ‘eiro’ e ‘aça’. O contacto seria Graça Moura e diversos registos num caderninho disfarçado de lista telefónica com fotografias da Inês Pedrosa eram conclusivos de que avultadas quantias tinham sido postas à disposição dum tal de rui reininho para que se encontrassem rapidamente soluções poéticas para as palavras: carrapito, metadona, baralho, pirolito, azeitona e restaurante Fialho.


As hostes foram-se acalmando, Sócrates sentiu-se de novo confiante e, inclusive, conseguiu falar de igual para igual com a senhora romena que lhe limpava a secretária e que era doutorada em física e o tinha chegado a ajudar naquela fórmula do Guterres, a famosa percentagem do PIB, o três-vezes-seis-dezoito.

E agora vou-me que não tarda é sexta-feira santa e Deus nosso senhor não há-de gostar que eu ande a gozar assim com os outros meninos.


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