‘Lacedemónios dissolutos e Tebanos entretidos’

Demóstenes falando aos atenienses e chamando-lhes à atenção de como tinham deixado espaço à prepotência de Filipe da Macedónia (pai de Alexandre), a certa altura dizia que o povo ‘já se ia dando por muito satisfeito se fosse repartindo entre si os fundos dos espectáculos ou organizasse alguma procissão’ (*)

Ontem, como hoje, e aparentemente como em muitos amanhãs, a sobrevivência do ‘poder’ vai de mãos dadas com a decadência da ‘cidadania’: fundamentam-se ambos numa cirúrgica distribuição de mordomias e numa criteriosa prática de liturgias.

E com cada vez menos Bastilhas para tomar, as mais nobres e desinquietas almas vão soçobrando nas revoluções dos plágios, nos arredondamentos das taxas de juro, na legislação do ciclo menstrual, nos financiamentos de pérolas do atlântico, na regulamentação das boas práticas gramaticais e nas dores dos procuradores.

(*) da 3ª Olintíaca (ed. Espasa Calpe)

Sem comentários: