Monólogos sem vaqueiro
Leio que a responsabilidade pessoal é um conceito pretensioso, lembro-me duma gaja que me quis levar para outros caminhos em Seul, dói-me uma zona entre o umbigo e o apêndice, penso numa mentira que nunca cheguei a dizer, rio-me com algumas atitudes de Anna K. e do próprio Tolstoi, falo ao telefone com a minha filha, remoo coisas que me disseram, ponho-me na cabeça dos outros por breves instantes, mas irei repeti-lo, claro, está-me no sangue, que expressão gira, semeio alguma dúvida a quem me faz uma pergunta, inesperadamente passa-me a imagem duma mulher deitada, ali de raspão algures por entre o inconsciente e a zona onde actuam alguns analgésicos, hesito em telefonar-lhe, ela está longe e pode-me querer vir visitar, e ela estará numa fase menos atraente, inesperadamente, agora, agorinha mesmo, estou sem decisões difíceis para tomar, não me lembro de nenhuma pintura em particular, seria mesmo incapaz de escolher uma cor preferida neste momento, nem sinto o intestino a chamar por mim como que se me quisesse dizer um segredo, ai nem gazes, credo, vêm-me apenas à cabeça algumas curiosidades biográficas de napoleão, chego a rezar uma ou duas orações em latim, ah sim agora vejo a barba ruiva de van gogh ao lado duma loiraça do Lichtenstein, nada de mondrians, nada de paneleirices, nada de música, a música torna-me até demasiado criativo, tal como os charutos, não posso abusar, vou-me limitar a olhar para uma zona perdida entre a sólida perspectiva e a vertigem, neste momento é a máxima aventura a que me posso dar ao luxo, mas, vendo bem, posso voltar a ler a cartilha maternal, até o puto já passou o uvxz, estou a ficar um bocado parlanchin, talvez seja o momento de acabar, mas, não sem antes vos dizer, que chego a ser um gajo introvertido se me servem uma meia de leite mal espumada. Não há nada como um gajo sensível com as pequenas coisinhas do dia a dia. E muito mais pretensioso que a responsabilidade pessoal é coçar os tomates, tirando recitar de cor sonetos do shakespeare, óbvio. Bem, que se foda, vou-lhe ligar.
Leio que a responsabilidade pessoal é um conceito pretensioso, lembro-me duma gaja que me quis levar para outros caminhos em Seul, dói-me uma zona entre o umbigo e o apêndice, penso numa mentira que nunca cheguei a dizer, rio-me com algumas atitudes de Anna K. e do próprio Tolstoi, falo ao telefone com a minha filha, remoo coisas que me disseram, ponho-me na cabeça dos outros por breves instantes, mas irei repeti-lo, claro, está-me no sangue, que expressão gira, semeio alguma dúvida a quem me faz uma pergunta, inesperadamente passa-me a imagem duma mulher deitada, ali de raspão algures por entre o inconsciente e a zona onde actuam alguns analgésicos, hesito em telefonar-lhe, ela está longe e pode-me querer vir visitar, e ela estará numa fase menos atraente, inesperadamente, agora, agorinha mesmo, estou sem decisões difíceis para tomar, não me lembro de nenhuma pintura em particular, seria mesmo incapaz de escolher uma cor preferida neste momento, nem sinto o intestino a chamar por mim como que se me quisesse dizer um segredo, ai nem gazes, credo, vêm-me apenas à cabeça algumas curiosidades biográficas de napoleão, chego a rezar uma ou duas orações em latim, ah sim agora vejo a barba ruiva de van gogh ao lado duma loiraça do Lichtenstein, nada de mondrians, nada de paneleirices, nada de música, a música torna-me até demasiado criativo, tal como os charutos, não posso abusar, vou-me limitar a olhar para uma zona perdida entre a sólida perspectiva e a vertigem, neste momento é a máxima aventura a que me posso dar ao luxo, mas, vendo bem, posso voltar a ler a cartilha maternal, até o puto já passou o uvxz, estou a ficar um bocado parlanchin, talvez seja o momento de acabar, mas, não sem antes vos dizer, que chego a ser um gajo introvertido se me servem uma meia de leite mal espumada. Não há nada como um gajo sensível com as pequenas coisinhas do dia a dia. E muito mais pretensioso que a responsabilidade pessoal é coçar os tomates, tirando recitar de cor sonetos do shakespeare, óbvio. Bem, que se foda, vou-lhe ligar.
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