The fröliche Country

Eu fico sempre um bocado roído por dentro quando me lembro daquela Nietzshezada de que ‘se Deus quisesse tornar-se um objecto de amor, deveria ter começado por renunciar primeiro ao papel de juiz’. Mas acaba por me passar rápido. Aliás eu fico sempre para lá de três quartos de fodido sempre que alguma coisa deste descabelado se me passa pela esponja encefálica, tirando as vezes em que tem piada. E quase todos os tipos excessivos e redutores têm piada. Aliás agora criou-se a ideia de que só meia dúzia de tipos têm realmente piada, nada de mais falso, a generalidade das pessoas tem piada, tem humor genuíno; por exemplo, ainda o amigo Nietzche quando diz que a ‘principal razão do mal-estar existencial são os efeitos funestos do ar abafado’ (comi aqui umas quantas palavras mas isso também faz parte), está outra vez a ter piada, mas o artolas que cá veio noutro dia arranjar os estores disse o mesmo e não tinha a consciência que praticamente parafraseava esse mesmo tipo que dizia (fruto de muitas horas de confessionário por certo) que ‘em todas as religiões o homem genuinamente religioso é uma excepção’. Aliás passa-se o mesmo com o cavaquismo; sim, essa nova grande religião que trará para Portugal os novos ‘narcóticos europeus’ (como chamava N. à aguardente e ao cristianismo -vêem como ele tinha piada): a ‘produtividade com um cheirinho’. O mundo ficará então inebriado, seremos nós, povo reeleito, o novo objecto do amor, Deus poderá ficar como Juiz em dedicação exclusiva, põe os processos contra os chinocas no cimo da pilha e o padre Melicias vai fazer de Albaran das bíblias.

Sem comentários: