"Passando-lhes pelo estrado"

3.2. Perspectiva sensório-motora
Acabou no entanto por ser depositada muita esperança no mero movimento arrastado dos lábios sob o estrado dérmico. Esse "roçar labial "absolutamente carregado de insinuação, era uma resposta masculina à acusação de 'táctica barata' com que muitos lábios-em-kiss-module viam ser catalogada a sua humilde actuação. Este movimento deslizante de lábios, numa primeira fase, conseguia parecer transportar consigo o tão falado, e elogiado, pela sensibilidade feminina: poder do implícito. Mas como não foi até agora localizado nenhum espécime do género masculino da raça pura que se tenha chegado a satisfazer com esse conceito, ele passou a ser um mero refúgio de frustrações canalizadas para a literatura.

3.3. Perspectiva psicológica: Freud, Piaget e Vigotsky
Menos prosaico que estes dois movimentos referidos anteriormente no que concerne aos lábios, mas julgamos de valor epistemológico não inferior, é a denominada 'sucção'. Trata-se dum movimento aglutinador de competências e que possui um elevadíssimo potencial teórico de excitação. Certos estrados mais sensíveis conseguem no entanto arruinar liminarmente todo esse caudal erótico com a frase carregada de encanto: "não gosto que me chupes". É cruel, houve mesmo quem ficasse tão traumatizado que passou apenas a beber de palhinha. Mas não generalizemos, os estudos demonstram que qualquer homem normal já ficou muitas vezes a chupar no dedo e a pensar na vida porque não acertou num tal de ponto G e acabou por superar isso recuando de letra e apostando no que f...lixe. O alfabeto será sempre um manancial desde que um tipo não seja kapado de todo.

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