Homens de flesh & bones
Talvez resultado da leitura do novo e badalado blog sociedade anónima e sobre o efeito duma febre que só espero não esteja relacionada com uma canjita que comi à atrasado (e gajo que não se refira a esse 'blog de meninas' no prazo duma semana pode ser considerado complexado)
(Este é um texto praticamente teórico, e revelador de que os homens também não têm pruridos nenhuns em falar dos seus problemazinhos, sejam eles a masturbação em grupo, sejam os terços às quintas feiras, sejam a paixão pela playstation, sejam o primeiro beijo lambuzado ou ressequido, sejam a incapacidade de dizer a um amigo que a mulher dele é como as botas da tropa… marcha sempre)
{1} É sabido que para o homem a sua barriga assume uma simbologia de carácter dinâmico, e tem para com ela uma relação de altos e baixos ou, para utilizar uma expressão que dá sempre muito boa serventia: de amor-ódio. Freud acabou por menosprezar esta fracturante problemática em favor da sensaborona ‘inveja do pénis’ mas deixem-me dizer-vos – queridas leitoras – os homens nos balneários, nos ginásios e pocilgas afins, não andam nada a ver a pilas uns dos outros mas antes sim a analisar as respectivas barrigas, a curva logarítmica da sua evolução, a sua tendência para uma quase marsupialidade, a sua maior ou menor michelinização, a sua cilindrificação versus conificação enfim, reconheçamos: o homem antes de se confrontar com as nuances da sua pendente sexualidade terá sempre de passar pela constatação do arredondamento ventral da sua adiposidade.
Certas correntes científicas, acautelando o potencial negativo que sobreviria da deficiente - se não mesmo neurótica - incorporação que o homem pode fazer da sua condição de 'enlargement waist criature' acabaram por desenvolver sofisticadas teorias que fizeram concentrar o orgulho masculino em suaves palmadinhas sincopadas em ambas as encostas laterais da dita barriguinha confluindo para a zona umbigal. Chegamos assim a este estádio de desenvolvimento da espécie – no seu género masculino – em que a gravidade se concentra numa zona mediana do ser, que nem é lombo, nem é peitoral, nem é coxa, e qualquer dia já nem sequer poderemos dizer que o homem tem as costas largas, mas que apenas transporta consigo o crescente e bojudo dom da umbiguidade.
{2} Mas isto não podia ficar assim e tal como a origem das espécies inaugurou a moda de ir escrevendo diversas versões de ‘contos sintéticos’, eu também não resisto e escrevo agora uma outra versão baseada num texto do soc-anónima (de titulo ‘O Teste’ e que já vi referenciado, concorrendo assim para o estatuto de canónico) sendo pois mais um humilde contributo para a sempre esclarecedora discussão em torno das diferenças entre homens e mulheres. Ei-lo :
Eu a uma dada altura andava com muitas dúvidas sobre o sabor. Um amigo mais experiente (que já tinha lambido uma assim de raspão num intervalo do Quarteto) achava que o paladar era mais o genuíno sabor a peixe que se encontra no sushi. Outro com o mesmo nível de experiência inclinava-se mais para o clássico sabor a bacalhau salgado mas apenas meio demolhado. Eu que já sabia da riqueza gustativa de ambos os paladares achei que era fácil esclarecer essa dúvida e, numa feira de gastronomia provei das representantes de ambas iguarias; verificada que foi a instabilidade do sabor do sushi e da sua maior dependência do grau de sensibilidade da língua, foi aprovado por unanimidade que o bacalhau salgado estaria mais correcto. Todos nós casámos…
Aqui se prova igualmente como o homem é de facto um ser mais previsível e com muito menos piada, mas se calhar isso será porque nunca uma barriga poderá ter o mesmo encanto dum belo par de mamas. Mesmo que em ambos os casos estejam um pouco descaídos.
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