O desfazedor e a sua labirinta
ou dum homem à nora com o seu lado feminino
Mesmo que seja com hora marcada, se um homem dá rédea solta ao seu famigerado ‘feminine side of the soul’ a coisa pode descontrolar-se, como se vê. Eu que o diga que agora me vejo confrontado com este espectáculo quasi almodovariano, mistura de maneirismo letrado com virtuality show. Sinto-me como que depois de acordar dum sono profundo, qual Orlando que ‘’’dormiu toda a noite (…) e tinha sido beijado por uma Rainha, sem o saber’’ lançando maquinalmente a mão à mesa-de-cabeceira da consciência e agarrando inexplicavelmente um conjuntinho Majórica de brincos de pendentes (este sim um verdadeiro sinal de degradação da espécie/género – Anna K. incluída). Ora uma mãe não dá à luz um filho varão para segurar cortinados adamascados, e se essa coisa do lado feminino existe mesmo o melhor que temos a fazer é pô-lo numa cerca assim no meio dum prado tipo calendário do Tirol, e jamais deixá-lo como uma corsa a espernear-nos uma existência já de si mal relvada (mas não por falta de pivot - pronto só uma trocadilhada fatela, ok). Qualquer dia chega alguém ao pé de mim e ainda começa a cantar o ‘supid girl’ dos Garbage (tem de se ir citando umas músicas para manter o estatuto eclético-sensível, mas não me peçam é letras faxavor) tal o estado de miscigenação cromossomica a que cheguei, e até dará certamente para fazer crochet com o meu entrelaçado genético («e tricot, tem feito?» - isto de fazermos perguntas a nós próprios não é preocupante, o caso só se agrava se começarmos a respondermo-nos mesmo). Picasso num dos seus estudos/esboços simples para a escultura do ‘homem com o cordeiro’ desenhava a zona do baixo-ventre como uma espécie de chaveta invertida, intuo daí que a masculinidade pode de facto ser muitas coisas da barriga para cima, e se calhar começamos mesmo por ser uns cordeirinhos, rodeados por piscares de olhos às curvas e contra curvas, suspirantes por colos aos cotovelos e contra cotovelos, no fundo começamos a bulir nos arranques e acabamos a balir nas subidas, no labirinto que é essa tal nossa escondida feminilidade. Mas ‘come on Barbie, let´s go party’, porque ter um lado feminino com pinta não pode ser só sinal dum labirinto, também pode dar numa bela dança de palavreado mistura de ‘sexbomb’ com ‘shake your bumbum’.
{Nota desadjectivada: este post obviamente nada tem a ver com o anterior nem com a reacção que ele provocou. }
ou dum homem à nora com o seu lado feminino
Mesmo que seja com hora marcada, se um homem dá rédea solta ao seu famigerado ‘feminine side of the soul’ a coisa pode descontrolar-se, como se vê. Eu que o diga que agora me vejo confrontado com este espectáculo quasi almodovariano, mistura de maneirismo letrado com virtuality show. Sinto-me como que depois de acordar dum sono profundo, qual Orlando que ‘’’dormiu toda a noite (…) e tinha sido beijado por uma Rainha, sem o saber’’ lançando maquinalmente a mão à mesa-de-cabeceira da consciência e agarrando inexplicavelmente um conjuntinho Majórica de brincos de pendentes (este sim um verdadeiro sinal de degradação da espécie/género – Anna K. incluída). Ora uma mãe não dá à luz um filho varão para segurar cortinados adamascados, e se essa coisa do lado feminino existe mesmo o melhor que temos a fazer é pô-lo numa cerca assim no meio dum prado tipo calendário do Tirol, e jamais deixá-lo como uma corsa a espernear-nos uma existência já de si mal relvada (mas não por falta de pivot - pronto só uma trocadilhada fatela, ok). Qualquer dia chega alguém ao pé de mim e ainda começa a cantar o ‘supid girl’ dos Garbage (tem de se ir citando umas músicas para manter o estatuto eclético-sensível, mas não me peçam é letras faxavor) tal o estado de miscigenação cromossomica a que cheguei, e até dará certamente para fazer crochet com o meu entrelaçado genético («e tricot, tem feito?» - isto de fazermos perguntas a nós próprios não é preocupante, o caso só se agrava se começarmos a respondermo-nos mesmo). Picasso num dos seus estudos/esboços simples para a escultura do ‘homem com o cordeiro’ desenhava a zona do baixo-ventre como uma espécie de chaveta invertida, intuo daí que a masculinidade pode de facto ser muitas coisas da barriga para cima, e se calhar começamos mesmo por ser uns cordeirinhos, rodeados por piscares de olhos às curvas e contra curvas, suspirantes por colos aos cotovelos e contra cotovelos, no fundo começamos a bulir nos arranques e acabamos a balir nas subidas, no labirinto que é essa tal nossa escondida feminilidade. Mas ‘come on Barbie, let´s go party’, porque ter um lado feminino com pinta não pode ser só sinal dum labirinto, também pode dar numa bela dança de palavreado mistura de ‘sexbomb’ com ‘shake your bumbum’.
{Nota desadjectivada: este post obviamente nada tem a ver com o anterior nem com a reacção que ele provocou. }
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