Darwin mas sem tartarugas

A espécie humana evoluirá realmente quando as pessoas começarem a ser lembradas pela sua horizontalidade. A verticalidade, reparemos, já tinha sido atingida pelos macacos. O homem deitado numa expectância a roçar o deboche, repousando a animalidade, sabendo olhar para o céu, que verdadeiramente só pode ser olhado deitado - por isso Jesus nunca foi relatado deitado porque conhecia o céu de ginjeira – é um estádio de perfeição existencialista. É por isso que os chamados homens de corpo inteiro, verticais, fiéis às suas ditas convicções, sofrerão sempre duma falta perspectiva e ficarão sempre reféns duma base de apoio de ‘natureza pré-existencial’. Quem se refastele na sua condição, se borrife nas transferências schopenhauerenianas e nos empirismos mais ou menos cépticos ( nesta altura recomenda-se ao leitor que intermedeie com um pratinho de camarões de espinho ) entenderá facilmente - não esfarelem mais a cabeça - que o mundo é realmente aquilo que parece, ou seja o que se aloja entre a córnea e o pavilhão auditivo. Existir é coisa para filósofos, ser verticais é coisa para mamíferos recolectores, e evoluir é coisa para filhos de Deus que saibam brincar com as palavras como Picasso brincava com zonas pélvicas.

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