Lassie in de skay withe almondegas
A união dos sindicatos dos anjos da guarda teve de se reunir de emergência; já não se dava uma crise tão grande desde que, por causa de Freud, passaram a ter de fazer horas extraordinárias à noite por conta dos sonhos marados do pessoal. Agora tinha-se instalado um tumulto do tamanho duma montanha-movida-a-fé-de-primeiro-cristão-catacumbico por causa da escolha do novo papa. Havia inesperadas crises de vocação, havia paramentos deitados ao chão como toalhas em balneários, havia beatas a bichanar aos gritos e arremessando terços, havia sacristães a exigir semana inglesa, havia comunas a bater no peito em ritmo hip hop e jacobinos a ameaçar enforquilhar peregrinos que ainda tivessem a supina lata de rezar umas avé marias pela saúde e esclarecimento do novo pontífice; estava mesmo montada uma grande Las Vegas global no reino da igreja militante, e a corporação angélica achava que as 60 horas de formação anual- da lei do fiel Bagão - não eram suficientes. Deus nosso Senhor tinha arranjado a bonita com a famosa inspiração do Espírito Santo, essa é que é essa, e o próprio S. Pedro estava com uma enxaqueca do caraças por Ele lhe ter edificado a Igreja por cima (chegou-se a pensar que era o efeito dalguma sinusite dos bispos mas afastou-se a hipótese depois dum tratamento de vick vaporucs benzido mas mal sucedido)
Os anjos da guarda exigiam agora o ‘subsídio de risco’ devidamente consagrado no dogma, pois temiam novas heresias apenas por pirraça ao novo papa. Havia mesmo gente danada para a brincadeira, e desde que Vasco Pulido Valente se assumira caridosamente como o intelectual católico não tinham mãos a medir na missão de tranquilizar as consciências mais débeis e flutuantes que construiram a sua fé em torno de panteísticas catequistas – vulgo gajas que engatam ensinando que Deus está em toda a parte no intervalo dos responsos que levavam dos pais delas. Esfumavam-se novamente as hipóteses da semana das 150 horas, e a ligação com o paraíso mantinha a sua precaridade porque a quantidade de pessoal que iria dar com os costados no purgatório preparava-se para galopar ao ritmo da labareda da nova fogueira inquisitória: o povo de Deus estava em brasa; eram precisos reforços, os querubins que tinham sacado pré reformas à má fila tinham de se chegar à frente e mainada, e as potestades que se deixassem de mariquices o caso podia ficar feio.
Mas não estava a ser fácil a concertação; os anjos especializados em carmelitas descalças tinham alcançado o topo da carreira e não estavam dispostos a descontar mais anos, nem a fazer reconversão de funções numa segunda leva de teólogos da libertação, e por outro lado os anjos que andavam há anos a aguentar a barra de 'socialistas republicanos e laicos' já equacionavam uma greve de zelo, o que poderia significar uma série de peregrinações a Fátima do Sérgio Souza Pinto e da Jamila Madeira acompanhados por Ana Gomes cantando gregoriano polifónico. Como se vê a coisa não estava mesmo fácil. Havia mesmo demasiados pesos na consciência para tantas doenças de coluna. Deus estava à beira de ter de intervir directamente outra vez, e ainda só tinham passado pouco mais de 2000 anos. Uma maçada.
A união dos sindicatos dos anjos da guarda teve de se reunir de emergência; já não se dava uma crise tão grande desde que, por causa de Freud, passaram a ter de fazer horas extraordinárias à noite por conta dos sonhos marados do pessoal. Agora tinha-se instalado um tumulto do tamanho duma montanha-movida-a-fé-de-primeiro-cristão-catacumbico por causa da escolha do novo papa. Havia inesperadas crises de vocação, havia paramentos deitados ao chão como toalhas em balneários, havia beatas a bichanar aos gritos e arremessando terços, havia sacristães a exigir semana inglesa, havia comunas a bater no peito em ritmo hip hop e jacobinos a ameaçar enforquilhar peregrinos que ainda tivessem a supina lata de rezar umas avé marias pela saúde e esclarecimento do novo pontífice; estava mesmo montada uma grande Las Vegas global no reino da igreja militante, e a corporação angélica achava que as 60 horas de formação anual- da lei do fiel Bagão - não eram suficientes. Deus nosso Senhor tinha arranjado a bonita com a famosa inspiração do Espírito Santo, essa é que é essa, e o próprio S. Pedro estava com uma enxaqueca do caraças por Ele lhe ter edificado a Igreja por cima (chegou-se a pensar que era o efeito dalguma sinusite dos bispos mas afastou-se a hipótese depois dum tratamento de vick vaporucs benzido mas mal sucedido)
Os anjos da guarda exigiam agora o ‘subsídio de risco’ devidamente consagrado no dogma, pois temiam novas heresias apenas por pirraça ao novo papa. Havia mesmo gente danada para a brincadeira, e desde que Vasco Pulido Valente se assumira caridosamente como o intelectual católico não tinham mãos a medir na missão de tranquilizar as consciências mais débeis e flutuantes que construiram a sua fé em torno de panteísticas catequistas – vulgo gajas que engatam ensinando que Deus está em toda a parte no intervalo dos responsos que levavam dos pais delas. Esfumavam-se novamente as hipóteses da semana das 150 horas, e a ligação com o paraíso mantinha a sua precaridade porque a quantidade de pessoal que iria dar com os costados no purgatório preparava-se para galopar ao ritmo da labareda da nova fogueira inquisitória: o povo de Deus estava em brasa; eram precisos reforços, os querubins que tinham sacado pré reformas à má fila tinham de se chegar à frente e mainada, e as potestades que se deixassem de mariquices o caso podia ficar feio.
Mas não estava a ser fácil a concertação; os anjos especializados em carmelitas descalças tinham alcançado o topo da carreira e não estavam dispostos a descontar mais anos, nem a fazer reconversão de funções numa segunda leva de teólogos da libertação, e por outro lado os anjos que andavam há anos a aguentar a barra de 'socialistas republicanos e laicos' já equacionavam uma greve de zelo, o que poderia significar uma série de peregrinações a Fátima do Sérgio Souza Pinto e da Jamila Madeira acompanhados por Ana Gomes cantando gregoriano polifónico. Como se vê a coisa não estava mesmo fácil. Havia mesmo demasiados pesos na consciência para tantas doenças de coluna. Deus estava à beira de ter de intervir directamente outra vez, e ainda só tinham passado pouco mais de 2000 anos. Uma maçada.
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