Every string ao molho moment

Da tensão. Uma corda esticada, um coração aos pulos, uns nervos de aço temperado à pressa, uma desculpa baralhada num ora essa, uma ausência notada, uma ideia mal abortada, um Charlie Parker cantado, um útero raspado, sentir-se mal amado, um satanás que não vai de rectro, um centímetro que nunca mais chega a metro, um passado que mora ao lado, uma procissão que não sai do adro, um nariz que se esqueceu de franzir, uma princesa que preferiu ficar a dormir, depois do beijo, quando pressinto mas o não vejo, um claninete perdido num quarteto de cordas, como encostado nas bordas elásticas do ringue, e uma torneira que só pingue, que nem faça o pong, and aquela so beautiful song, que nunca mais oiço como deve de ser, perdido que estou no parecer, no belo efeito de quem não vendeu a alma mas emprestou o peito, para que respirassem por ele, tal o medo que tinha de que quando respirasse fundo, no final já não houvesse mundo, e o arco ficasse ali a abanar, a vibrar, sem ter ninguém em quem acertar, como numa fantasia para piano, ou num ‘raisparta uma vida assim’, mesmo que inspirada na ‘Safo’ de Mengin que não pára de olhar para mim, fingindo que não sabe que é a mulher mais atraente da terra, mas faz de conta que eu sou um violoncelo e tu és uma serra.

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