Ouvindo ontem uma deliciosa troca de malabarismos demagógicos entre um Ângelo e um Pureza em torno duma freira que apenas viu N. Senhora e se calhar nunca leu JGil, o dicionário não ilustrado não resistiu e apresenta hoje em primeira mão as correntes filosóficas para o novo milénio. Poderão ser vistas como alegorias para um nova geração de neurónios-transgénicos coloridos, ou como mundividências ao preço de uns caramelos de contrabando mas que não se agarram ao céu da boca; mas do que eu realmente tenho pena é de não ser um homem sensível nem nunca ter dançado com a Jennifer Lopez. ( entradas 961 a 969)

Contorcionismo – A realidade muitas vezes tem de se agarrar com os dentes mas depois tem de se lhe saber dar um jeitinho com o dedo grande do pé. O novo Pi será a distância entre o cóccix e a ponta de externo. Das correntes mais arcaicas só se aproveitará o ‘eterno retorno’ desde que o eixo de rotação se situe estrategicamente afastado da zonas pélvicas. O 'ser' será um eterno entalado e o 'devir' servido enlatado.

Pirilampo-mágicozismo – Todos somos pequenos bonecos de peluche. A beleza não é importante desde sejamos devidamente afagados. Todos acabaremos a baloiçar num retrovisor enquanto o deuses se estarão a divertir no banco detrás.

Carambolismo – O mundo é uma mesa de bilhar onde tudo funciona às três tabelas, mas o sonho de cada bola é que no momento da verdade afinal tudo se transforme num snooker cheio de escapatórias . O pior é se fomos nós os escolhidos para bola preta.

Drag-queenzismo – Toda a realidade merece uma boa maquilhagem e umas plumas de adereço e nunca se lhe deve negar umas mamas de espuma.

Sarabandismo – Essencialmente não existem relações normais. Gauss era medianamente panasca. A sociedade é um postal ilustrado e a família uma promoção do Corte Inglês. Procriar é apenas uma técnica de marketing sofisticada desenvolvida pela Kodak. Para ser loura e não ser estúpida tem de se ser sueca e ter mais de 80 anos, um pai que não grame o filho poderá ser apenas um excêntrico se tiver dinheiro para comprar violoncelos à neta. Um pai que deseje a filha poderá ser apenas um complexado se depois for brincar aos punhos cortados.

Inscricionismo – Depois de dobrado o bojador da nossa pequenez devidamente declinada, devemos barrar o pão com o doce de gil para nos podermos lambuzar inscrevendo-nos no formulário de todas as libertações: o pecado mora sempre ao lado. É preciso é saber escolher os vizinhos.

Apalpezismo – Tudo é rabo. Mas depois de admitir teoricamente o vazio a partir de aí só nos resta o ou tudo ou pelo menos nádega. Esperar sentado é o cepticismo mais casto que se pode almejar num mundo em que acreditar é pôr-se a jeito.

Contriçãozismo – Tudo é pecado por princípio. A vida deve ser levada sempre com a mão ao peito. Mas nada é atrito para um coração contrito. A realidade serve para transformar um ratio desenxabido numa exponencial de relatividade.

Kamasutrismo – Tudo ao molho e fé na carne. Nem toda a posição providencia um encontro imediato, mas antes molhar o pão do que ficar a olhar para o prato. O juízo final não passará dum rodízio.

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