O discurso dum Outono decadente das mulheres que já não há

Vai assim, de vez em quando com uma cadência abrasileirada porque agora acho que só esses gajos é que escrevem bem



Alô, eu sou miss Maple, serei almofadada, serei reclinada, serei de doçura injectada ou de mola aconchegada, secarei o seu suor, serei a doida que você quiser, ou melhor, serei a mulher que você me fizer; serei boneca, darei foda me vez de queca, farei rima quando estiver por cima, sonharás com Baco e faremos de cacho se me puseres debaixo, e se plantar de lado você até ficará arrepiado, ou de olho arregalado, e quando tiver de rolar erudição, eu sacarei da minha cabecinha abençoada e te darei uma tesão danada, e até inventarei gritinhos em latim, verás que nunca ninguém estremeceu assim; serei nulidade para você dar em sumidade, e até serei casta se isso te fizer ganhar na canasta, mostrarei que sou a mulher que te ama e todos terão inveja da tua cama, mostraremos ao mundo que somos o casalinho da nova arca de Noé, e eu serei o espelho borboleta do teu psiché. Nem o meu veneno te será fatal, com ele até farás uma canja sem igual, só te darei bom fluído, e sorverás da concha, sem ruído, pois basta-me uma pequena lisonja para fazer de tapete de lã, de teu penacho, ou de irmã. Puta nem pensar, nada me terás de pagar, só eu te deverei, esse ouro de lei que foi o teu corpo de rei, onde eu me entalei, como princesa, para sempre presa, de entre-pernas tesa e sempre posta a mesa. E quando te disser que não, é porque estarei esquecida da tua mão, mas voltarei rápido, vencida, despida, sem ferida, sem pressa, mesmo calculando que o meu saber a ti não te interessa; Alô, eu sou miss Maple, é quase nome de detective, mas você se sentirá como o melhor homem com quem já estive, como um criminoso descoberto, mas sempre livre.

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