Contos do ele ainda há homens assim



E logo tinha de ser também um bom homem. Não lhe bastava ser um gajo inteligente, não,

tinha logo que ser prendado,

tinha logo que ser um achado,

tinha logo que ser um daqueles que põem o coração duma mulher

à beira duma merda dum ataque qualquer. Diga ele o que disser, será sempre bem ouvido, será sempre um querido, um cheio de graça, que mesmo bem agarrado nunca faz de carraça.

E o sacana,

ainda para mais,

nem precisa dos jornais

para se saber que é bom na cama.

Mas ele tinha mesmo de ser um pessoa cheia de doçura, nem que lhe batam muito nunca fura; é o que custa em demasia, ver aquele género de alma fria, mas que aquece até que doa, e sempre na boa, dono de tudo, um sonho de ego, prolixo e mudo, visionário e cego.

E mais o cheirinho da humildade

de quem nunca falta à verdade,

mas que, vendo bem, até poderia mentir

que ela acabaria por se vir; isto porque ele era tão bom homem, e depois tão animado, fazia tudo parecer tão variado, com ele nada era um marasmo, por isso todo o fornicanço garantia um orgasmo, e não havia nada que o maçasse, Deus o guardasse.

Porque isto, homens assim

são os que elas precisam, mas com calma,

para bordarem felicidades sem fim

desde a púbis até à alma

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