Discurso dum político dissoluto
A dra girassol obrigou a que eu me pronunciasse sobre a situação política porque senão este blog começava a transformar-se num bibelot.
Eu bem sei que isto talvez se resolvesse dissolvendo apenas a assembleia, mas vou antes decidir-me, após a devida auscultação das forças da nação - gente com saber a rodos - a dissolver-vos a vós todos: tenho notado que passais já demasiado tempo à deriva; bem podiam andar apenas à toa, ou mesmo numa fona, mas não, quiseram logo pôr-se desenfreadamente à tona, ( e isto até rimava tão tão bem com um orgão genital que eu cá sei) e isso eu não posso admitir-filhos do pecado, enteados da vaidade, dissolver-vos-ei por atacado e em conformidade- verão que não estou a fingir; o máximo que vos posso conceder, e fica assim encerrado o assunto, é que me saciarão definitivamente a sede, e nunca fareis de depósito no fundo, nem ficarão agarrados à parede. Sereis pelo menos poupados ao degradante estatuto de borra, não ficareis entalados na fossa, e por isso se andarem borrados a responsabilidade será toda vossa, ora porra. Mas povo do meu coração, vós sedes solúveis até ao último grão, fora essa a condição que eu tinha colocado de antemão, para vos governar neste pedaço encantado à beira mar plantado, mas regado às mijinhas, ó minhas ricas filhinhas. E não há razão para alarme, eu mexerei com muito cuidado, e como a solução estará morna, vão ver que o caldo não se entorna, nem sobrará nenhum bocado estragado. É claro que garanto para vosso governo um bom líquido interino, já experimentei em tempos o tal de uterino, mas um sacana dum liberal a mais uma beata epidoral provocaram uma crise ectópica e uma infecção no siso, e eu já não tenho mais placenta para isso. Alimento-me da vossa baixa granulometria, de terem sempre uma mão quente e outra fria, de oscilarem entre o bidé e a pia e de não distinguirem a noite do dia. Sereis pois mais felizes dissolvidos, acreditai em mim, a solução ser-vos-á boa conselheira e não vos roçará as entranhas como uma parteira. E quando vierem os dias da evaporação, quando for o adeus definitivo do solvente, será o momento de mostrarem que também são gente, e que não se confinam à humilde e cariada cova dum dente. Eu nessa altura, já não estarei neste caldinho, degustarei então uma canja gostosa, mas garanto, lembrar-me–ei sempre de vós quando for servida a gasosa.
A dra girassol obrigou a que eu me pronunciasse sobre a situação política porque senão este blog começava a transformar-se num bibelot.
Eu bem sei que isto talvez se resolvesse dissolvendo apenas a assembleia, mas vou antes decidir-me, após a devida auscultação das forças da nação - gente com saber a rodos - a dissolver-vos a vós todos: tenho notado que passais já demasiado tempo à deriva; bem podiam andar apenas à toa, ou mesmo numa fona, mas não, quiseram logo pôr-se desenfreadamente à tona, ( e isto até rimava tão tão bem com um orgão genital que eu cá sei) e isso eu não posso admitir-filhos do pecado, enteados da vaidade, dissolver-vos-ei por atacado e em conformidade- verão que não estou a fingir; o máximo que vos posso conceder, e fica assim encerrado o assunto, é que me saciarão definitivamente a sede, e nunca fareis de depósito no fundo, nem ficarão agarrados à parede. Sereis pelo menos poupados ao degradante estatuto de borra, não ficareis entalados na fossa, e por isso se andarem borrados a responsabilidade será toda vossa, ora porra. Mas povo do meu coração, vós sedes solúveis até ao último grão, fora essa a condição que eu tinha colocado de antemão, para vos governar neste pedaço encantado à beira mar plantado, mas regado às mijinhas, ó minhas ricas filhinhas. E não há razão para alarme, eu mexerei com muito cuidado, e como a solução estará morna, vão ver que o caldo não se entorna, nem sobrará nenhum bocado estragado. É claro que garanto para vosso governo um bom líquido interino, já experimentei em tempos o tal de uterino, mas um sacana dum liberal a mais uma beata epidoral provocaram uma crise ectópica e uma infecção no siso, e eu já não tenho mais placenta para isso. Alimento-me da vossa baixa granulometria, de terem sempre uma mão quente e outra fria, de oscilarem entre o bidé e a pia e de não distinguirem a noite do dia. Sereis pois mais felizes dissolvidos, acreditai em mim, a solução ser-vos-á boa conselheira e não vos roçará as entranhas como uma parteira. E quando vierem os dias da evaporação, quando for o adeus definitivo do solvente, será o momento de mostrarem que também são gente, e que não se confinam à humilde e cariada cova dum dente. Eu nessa altura, já não estarei neste caldinho, degustarei então uma canja gostosa, mas garanto, lembrar-me–ei sempre de vós quando for servida a gasosa.
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