Cantinho do desfazedor



Noutro dia no Modus Vivendi escreveu-se (para dar um ar mais “diáfano” à coisa) um post intitulado “Regra de ouro” que dizia «Não se pergunta, seduz-se com inteligência e ternura em doses variáveis. Cria-se a oportunidade, esperando a benesse divina do desejo. Se não for fácil, nunca será desinteressante» Eu se calhar já não me devia meter mais com ela porque corro o risco de poder ficar a pensar que a estou a “perseguir”, no entanto, eu acho que este texto (que até julgo exprimirá uma ideia muito “típica” dum certo universo feminino) é um dos supra-sumos da estafeta olímpica das ideias feitas. E então.......aqui vai: Este espírito da eterna insinuação, de esperar as respostas sem ter feito as perguntas, que supostamente estaria subjacente a um relacionamento rico, inteligente e que valesse a pena, mais não reflecte que o medo próprio da nossa condição de reféns do “sentimento amoroso”. Só que perguntar é precisamente libertarmo-nos do empecilho típico do “orgulho dos pobrezinhos”, do medo das respostas, do medo de nem sequer obtermos respostas. Perguntar é gostar. Gostar mesmo. Perguntar é muitas vezes até a única maneira de nos esquecermos sadiamente de nós próprios. Uma vida baseada na dupla insinuação-oportunidade esconde outra dupla também muito jeitosa: a da falsidade-desilusão. E sobre o conceito de interessante já nem digo nada. Se Deus (ou “quem” quiserem, até pode ser o “grande chefe touro sentado”) olhasse para nós pelo critério do interesse, então o Purgatório seria a filial duma espécie de “Corporación Dermoestética” especializada em fazer peelings a «benesses divinas do desejo»

E valha-me Deus, mas até eu tenho de desabafar de vez em quando

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