O dicionário não ilustrado já deu bastante do seu corpinho a tratar dos vícios do poder, por isso hoje em estilo de veraneio vai tratar dos vícios, ou dos tiques pronto, de quem não detém o poder. Entradas 837 a 846.



Dizer mal – É a maneira de ter sempre os pés quentinhos sem necessitar de caminhar muito para exercitar a circulação.



Encapotar a cobiça – Como quem usa a borracha mas para disfarçar os males de piç... ( não me contive)



Condicional ( abuso do) – Técnica sofisticada, mas que vai-se a ver, mais não é mais que a música que acompanha o fado do “ai se eu mandasse”, como qualquer comichão que gostaria de ser alergia.



Desvalorizar – O que se faz ao uso, para satisfazer a idolatria malévola duma posse ausente, tal como reage uma mola da roupa que sabe nunca poder vir a ser gancho para o cabelo.



Agoirar – Acto de grande magnanimidade que só é ultrapassado pelo de desejar boa sorte, tal como o sonho duma calosidade é ser vizinha duma unha encravada



Cochichar – Substitui bem as pastilhinhas para azia, mas inesperadamente não evita as da rouquidão, porque muitas vezes se acaba por ficar de boca aberta.



Rir de lado – Disfarça a ruga provocada pelo despeito, e ajuda a camuflar uns bananas desenxabidos que no fundo apenas recalcam o desejo de serem uns morangos com açúcar.



Viver nas entrelinhas – Ginástica que está ao alcance de quem não tem músculo, nem balanço suficiente, para fazer piruetas na corda bamba, ou seja vício de piercings que um dia sonharam ser berloques.



Ser pirrónico – Quando o efeito se confunde com o processo. É a possibilidade de todos sermos uma espécie de Wittgensteines de cordel, e acaba por ser o destino dos que não passam de meras pontas espigadas que um dia sonharam ser caracóis.



Sentir-se uma ilha de seriedade – Espécie de vaidade do vulcão que, foi-se a ver, só largava pus em vez de lava, e a ilha assim parida não passou duma borbulha que se calhar um dia sonhou ser furúnculo.

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