Isto não se vai perceber nada, mas vendo bem não sou o único.

Ou: caraças, não leio mais blogs à noite



Será que Pacheco Pereira anda a beber do mesmo que Freitas do Amaral?

Ou será que leu Hegel nos intervalos entre duas bicas, Camus e S. João da Cruz (juro que não fiz de propósito para rimar)

O que tem força Sr. Dr. Pacheco Pereira não é o “é”, o que tem força é a “pura possibilidade”. O “é” é apenas um filho da circunstância já em fase de esmorecimento. O ser não tem força intrínseca, e só a ironia do pode ser (olhe lá anda-se a esforçar, hem!) é que ainda dá um bocadito de gás à existência (também é verdade que Sartre depois caiu demasiado nessa esparrela, mas compreende-se porque nessa altura ainda não havia a SIC notícias)

Mesmo Deus que será o “puro ser”, não dá para esse peditório, e mostra que não quer abafar nem a “existência”, nem a “história”, nem o “mal” (seja lá o que essa coisa for). Só se traumatiza com a recuperação do argumento hegeliano quem não entende que a nossa condição não é metafísico-independente, mas sim biológico-dependente: quase que Aristóteles já explica, todos somos o que o nosso estômago faz por nós. Uns têm de viver ruminando numa eterna acidez, outros filtram e lambem-se.

Balançar entre o “tudo ser meramente inevitável” ou o “tudo ser absolutamente evitável” é apenas jogar com as palavras que adornam a nossa condição. Essa história do “é”, já era! Hegelianos de direita? Isso agora já deve ser uma marca de rebuçados, não? Venha outra. Já nem fazem fados com isso. (Olha agora o S. Tomás riu-se...). Ser também é esforçar-se, é espreitar, driblar e avançar, não é apenas viver esgueirado fugindo ao fora de jogo, protegido pela mesma ambiguidade que “os outros” usam nas palavras armadas ao pingarelho. E inevitável, reparo agora, é eu ficar com sono depois de ter escrito esta porcaria. Felizmente é à borla.

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