Isto parece um bocado "horrível"; mas “tem de” se dizer. Rapidinho.



Até concedo. A expressão do sentimento ou da crença religiosa pode vir paramentada dalguma ridicularia estética. Dumas poses fatelas, duns sacrifícios descabidos, dumas peregrinagens fantasmagóricas, dumas obediências despropositadas, dumas rezas lunáticas, duma exegese bacoca, dum certo empalamento ideológico, duma sub-reptícia desgraçadinhice, duns proselitismos enrebanhantes, duns apocalipses forçados, dumas fés de churrasco, dumas fezadas na brasa, dumas franquezas no espeto, dumas caridades naftalinadas, dumas esperanças mal arejadas, dumas consciências de almanaque.

Mas convenhamos, nada chega ao ridículo da coçadela de tomates da negligência religiosa, certamente acossados pela comichão das epistemologias micóticas, que já mostram a virilha agnóstica em chaga. Quem não acredita podia limitar-se ao seu deserto e ...

(Dejadme solo y solitario, a solas

com mi Dios solitario, en el desierto;

me buscaré en sus aguas soterrañas

recio consuelo)
M. de Unamuno

... e ficar-se na pena de nunca ter visto um Deus a sorrir.

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