(das constatações: Uma das perplexidades religiosas que me acompanha é a da distribuição do dom da fé. Vejo-a sem complexos como um dom, aliviando assim de grandes elaborações metodológicas. Por isso baralho-me e atordoo-me quando “encontro” pessoas que a mereceriam e alavancariam muito mais que eu, e que aparentemente não a possuem (não digo desfrutam, porque também não seria correcto). São pessoas que conseguem viver com moralidades herméticas, esterilizadas e em saponária, e com um sentido do certo e do errado que quase parecem poder dispensar as retrógradas cardealidades catecúmenas, conseguindo pôr a alma em quarentena quando prevêem as nuvens da epidemia. Sinto-me às vezes uma espécie de “Toni Fidélio”, esperando mesmo que só a minha parola e tosca parvoíce – bem rebocada pela ignorância – é que me esteja a impedir de ver o alcance da coisa. A floresta é densa e felizmente, como disse H. Michaux, «a árvore não se interessa pelo delírio do pássaro». Eu cá sou mesmo um mero batedor de asas.)

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