Avulsário irrelevantico

Os lingrinhas de espírito podem ler, mas depois têm de tomar o já clássico nausefe entremeado de nandrolona.



Negociações ortográficas ( I )

Já me esquecia de avisar



Depois do apoio simpático e competente duma mão amiga, consegui para este blog uma autorização especial para escrever a palavra explendor com “x”.

O mundo nunca mais será a mesma pasmaceira.



Se eu não me metesse nesta conversa nem era homem nem era nada ( I )



Tenho de confessar que um dos ostracismos léxicos que me desgosta é o que desprimora “prenda” em relação a “presente”.

Reparemos que a expressão “tu és uma bela prenda” acaba por ser bem mais interessante, do que o extraordinária “que belo presente que o menino aí fez”.

A constatação merdocrática escolheu o termo mais griffado, deixando para o juízo moralista a palavra mais carregada de suburbanidade. Têm de se tirar daqui as devidas ilações (enquanto esta expressão é permitida, claro está), até porque a elação também pode ser socialmente desagradável.

Por outro lado, uma mulher ao ser “prendada” será sempre de bom-tom e a todos beneficiando, conquanto uma mulher que é apenas “presente” pode-se transformar rapidamente numa mera dama de companhia, o que convenhamos esmorece um pouco o alcance da feminilidade.

E temos de saber ir reinventando a hermenêutica do foleiro, enquanto se puder ir utilizando a palavra “reinventar”, obviamente.

Peço então uma autorização especial para utilizar “prenda”, se faz favor



Se eu não me metesse nesta conversa nem era homem nem era nada ( II )



Não consigo encontrar pior expressão do que a: “ Como eu costumo dizer”. Não há palavras para descrever tamanha egofilia, e os únicos antídotos capazes passarão mesmo pelo recurso a jaculatórias de pendor piedoso como “Valha-me Deus”, senão até “Que Deus nosso Senhor me proteja”. Deus tem mesmo é que se chegar à frente e ajudar-nos nestas coisas pouquinhas. E a descrença no efeito purificador da elevação do coração à divindade, poderia deixar-nos à mercê de expressões de índole ordinária.

Mas o mais interessante é que praticamente todos acabamos por, numa altura ou noutra, cair na utilização desta expressão, o que vem demonstrar cabalmente a capacidade degenerativa do verbo quando entregue aos cuidados da mãe natureza.

Enterrar não chega, avançaria para o crematório.



Negociações ortográficas ( II )

Esta é nova



A minha tendência para escrever "obsessão" como "obcessão" está de tal forma entranhada, que roça a demência. O recalcamento produzido pela sistemática correcção, atasca inevitavelmente os recônditos cubículos da minha alma, que – estou certo - irá desforrar-se num momento em que eu não esteja à espera. Temo e tremo, por conhecer da minha fragilidade.

Sou levado a crer que o meu caso é sim de verdadeira “obcessão”, e por isso não enquadrado nos manuais académicos.

Libertar-me deste espartilho ortográfico será algo que só me trará dignidade e paz de espírito. Peço igualmente generoso deferimento.



Adenda: Faço notar que só um pleonasmo produz verdadeiro arrebatamento. Mas nisto podem borrifar, não faço tanta questão.

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