Apenas eu, comigo, e amparado pelo próprio



Fico sempre chateado quando escrevo um daqueles textos “que não leva a lado nenhum”, e que ainda para mais apenas se sacode na tolice das palavras. «É pá mas isso são todos». E olha que “os ventos só sopram a favor daqueles que sabem para onde querem ir”, como diz o pessoal da vela (sempre cheio de tiradas profundas)

E olha, também que se lixe. Vou a motor e...



- A tua escrita é cansativa. Espiralada. De circuito fechado

- Redundante, queres dizer

- Sim, e é que nem todas as espirais dão uma boa mola, como sabes.

- Então, faz-te um favor: despreza-me

- Resolves tudo pondo-te numa concha

- O meu sonho é ser bivalve

- Para fazeres de vítima?

- Não, para poder ter duas almas. Mas uma é só para mim.

- Aagh! Mais joguinhos de palavras.

- Cada um brinca com o que pode. E eu nem sequer anseio ser perspectiva.

- És um desperdício de recursos da redenção

- É pá, porra, isso é que eu não admito. Mas serei mesmo?

- Não te preocupes, vivemos nos tempos em que a eficácia e o desperdício se passeiam de braço dado.

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