Abrilada em flor

O MFA que me desculpe, mas é assim que eu vejo a coisa

Miúdas, bola e dentes.



Quando se deu o 25 de Abril de 74 eu era um puto que andava no Liceu Pedro Nunes. Revolucionei à molhada entre os cocktails molotov e as fugas pelo cemitério dos ingleses. Com os chaimites à porta e os pides a rebolarem pela escadaria. Havia porrada. Dei mais do que levei, claro. Um gajo se não tem no passado uma juventude rebelde e dominadora é uma merda. Ah! e apareceram as gajas. Mas porra, elas já na altura sabiam mais que nós. O que eu tive de dissimular a fingir que já sabia tudo! (penso que para elas os problemas nem eram bem a revolução, nem a evolução, mas sim a ovulação, pela idade que tinham na altura...)



A vida ia deixando de ser só o “jardim-cinema”. Mas até foi a descer a Pedro Alvares Cabral, ali ainda antes de chegar à sede do MRPP - é verdade ó Plancha pá o que é feito de ti e do teu caderninho pautado ? – quando uma gajita me explicou como é que se dava um beijo na boca. Mas dos bons! Porra, mas quando eu fui contar aos outros, os sacanas já sabiam. Tive de dizer que tinha mesmo dado um ou dois, acho que disse dois. Tanga. A miúda tinha mais um palmo que eu, e nem sequer dignou baixar-se. As tipas só saíam com os do 5º ano. E eu apenas tinha ido com ela porque a mãe estava na esquina da R. de S. Bento à espera da filhinha. Fingi que ia para aqueles lados. Tanga. Eu ia mas era para a Infante Santo.

E depois foi ali num canto ao pé da secretaria, do lado direito de quem desce, onde me lembro de ter ouvido falar pela primeira vez dumas coisas que se podia fazer com as miúdas. Fiz um ar enjoado e distante, mas acho que eles pensaram que eu já fazia daquilo nas calmas e em grande. Tanga. Depois tive de ir perguntar tudo ao Xico, que até já tinha mesmo estado a sério com uma miúda, e tinha visto – e feito! - tudo ao natural. O cabrão. E com uma inglesa ainda para mais. Lá em cima os gajos do MRPP diziam que preparavam as RGA’s na sala Ribeiro dos Santos, mas o resto do pessoal desconfiava, porque as miúdas giras deles não se entretinham nada a colar cartazes. Iam era ver-lhes as mamas pelo que constava. Mas eu não acredito. Havia até uma que ia comigo às vezes no autocarro e não tinha mamas nenhumas que eu sei bem, apesar de nunca ter tido lata para lhe perguntar porque o irmão era do 6º ano. Tanga. Eu tinha era medo de levar uma chapadona dela logo ali, porque a gaja tinha a mania que era bera.

Bem, mas eu tenho outra coisa que me “marcou” muito. Como nunca havia aulas, passávamos o dia jogar à bola no ringue lá em cima, não sei se estão a ver, depois de passar o “metro-mijo”, e porra, dei uma queda do caraças e parti os dentes. Claro, fiquei lixado. Então não é que estava a dar um pontapé de moinho e ia marcar um golo “do caraças”. Lá fui um bocado à rasca para a farmácia, ali à esquerda de quem saia pelo portão grande. Mas ainda houve uns sacanas que ficaram a rosnar «bem feita», porque diziam que eu só estava “à mama”. Rancorosos de merda, tinham era inveja por eu ser o melhor marcador, e sabia fazer muita bem aquela finta que agora dizem que foi o Zidane que inventou. Então e não é que a estúpida da farmácia me perguntou se eu tinha apanhado os bocados dos dentes! A velha era parva ou quê? Então eu tinha acabado de falhar um pontapé de moinho com as miúdas todas a ver, e agora ainda me punha de cócoras a apanhar os bocadinhos do marfim!? Houve uma que me fez uma festa carinhosa na franja, lembro-me, mas era das feias, e eu, tenho agora que confessar, só queria mesmo era que a minha mãe aparecesse rápido e me levasse para casa.

Mas porra, tinha de haver uma revolução só para eu saber como é que se apalpava umas gajas, e ter passado a merda das tardes no dentista.

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