Soltas
Mas antes bem soltas que darem mau atavio.
Não aprecio xadrez. Infelizmente não aprecio a noite. Mas adoro silêncios. E palavras estéreis. They shut me up in Prose- / As when a litle Girl / They put me in the Closet - / Because they liked me “still” -. E. Dickinson
Só se desfazem rebanhos quando eles existem. Quando se vêem carneiros despassarados e de badalo em riste, dos que fingem não ser do rebanho, nem me apetece tricotar-lhes a lãzinha. Está quase sempre ressequida e suja. Não produz “Softest clothing, wooly, bright” como diz W. Blake.
Escrever textos a procurar a piadola também dá cada vez menos pica, porque já há muitos profissionais no ramo e que têm de ganhar a vida. Agora escrever disparates é que ainda dá gozo. E aí só se encontram amadores.
Incapazes de clonar contribuintes modelo, e esgotando-se o esperma para a inseminação artificial de receitas, o estado confiscador vira-se agora para as técnicas tradicionais da reprodução animal com o “cruzamento entre o fisco e a segurança social”. Quando se acabar esta técnica talvez comecemos a ser enxertados em árvores das patacas. Crise na ciência. Não vejo.
Li o repto do Terras sobre a imprensa espanhola. Um “pedido” do terras é praticamente uma ordem (mais perplexidades não por favor, se bem que eu acho que o “sacanita” já não me lê). Espanha é um país intrinsecamente conservador, apesar de gostar de se armar ao pingarelho contestatário de vez em quando. E é um país com uma memória terrível. Não esquecerão tão cedo Guerras & Gonzalez, e a imprensa espanhola tem uma tradição veneradora para com o poder. Defendem a sua imagem, está-lhe no sangue, e querem fazer tudo sempre a um jeito “contrário ao dos franceses” – os seus verdadeiros “inimigos”. Não é bom nem mau, se eles gostam... Dizem até alguns iluminados portugueses que nós também devíamos ser assim. Não creio: no nosso sangue escorre a par da lamúria um gozo por desfazer o poder e o contra-poder. Só que as nossas lágrimas escorrem para o mar. Não há represa que as aproveite, e o gozo esfuma-se no bafo quente da preguiça. Ah e já me esquecia, como em quase tudo, há uma questão comercial: Zapatero não vende tão bem como aquele Guterres que nós por cá tivemos em tempo de saldos.
E caro João, se não visses que de facto a imprensa portuguesa é efectivamente mais dada à-la-gauche, não te vinham estas engraçadas “espicaçadelas”. Mas que só te ficam bem. Pois a melhor maneira de ir conservando a imprensa é mesmo “esquerdofilizá-la”. Em vácuo. É que o bolor ataca de todos os lados. Esta troca do humor pelo disparate não sei se foi boa.
Bem, agora vou ver os lagartos. ( já veremos se continua o disparate ou não...)
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