O incidente de recusa de país



Como me enternecem os que julgam que não lhes saiu na rifa o seu “país natural”, país que realmente mereceriam. Sentem-se com direito a uma nacionalidade mais digna; a nação-fatalidade apouca-os. O seu gosto refinado não é correspondido pela portugalidade servida no prato dos dias.

Só cá se mantêm nesta casa de pasto, porque também sentem que sem eles o País ainda se desgraçaria mais. Um jugo suave é o pedido que fazem para que pelo menos lhes reconheçam o sacrifício.

Obrigado compatriotas. Por nos privilegiarem com o vosso exemplo de lúcida e imolada resignação. Que o Supremo vos conceda na eternidade a Pátria que hoje vos falta.

Aos outros desgraçados que continuam a pensar que os caramelos espanhóis são péssimos porque se agarram à placa, só lhes resta ficar com o sorrisinho estúpido das queijadinhas de Sintra coladas ao céu da boca, e ir continuando a viver e a aliviar a bexiga ao sabor do vento.

Bem...pelo menos têm três possibilidades...



Os que mijam a favor do vento – Têm a nobre missão de escolher em quem acertar.



Os que mijam contra o vento – Têm a nobre missão de escolher a tonalidade de amarelo com que querem ficar.



Os que só pingam – Têm a nobre missão de não chatear ninguém. Mas vivem na incerteza de quando acaba a missão.



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