Walk around
Raciocinar até que é bom. Fantasiar também pode ser recomendável. Reduzir a realidade ao absurdo também nos conduz a fascinantes visões. Subverter a ambiguidade que transpira dos factos também pode resultar naquele humor que parece descodificar o mundo.
Paralelamente nós procuramos uma “paz de alma” que nos coloque acima das nossas paixões num sereno ensimesmamento, ou palpitamos por uma virtude especial que nos torne insensíveis aos sucessivos impactos dum destino provocador e determinante.
Ou seja, vivemos como fantasmas penando à volta do “bem pensar”, ou à volta do “bem viver”.
A ânsia de conhecer e a ânsia de desfrutar são mesmo duas falácias da ordem do obsessivo muito próprias da nossa condição humana.
A incerteza intrínseca ao conhecimento leva-nos tendencialmente a reduzi-lo e a tê-lo controlado, “protegendo-o” na redoma da ciência ou da técnica, ou então reagindo e enveredando pelas fórmulas bizarras dos mais diversos “visionarismos” (esotéricos ou não).
A incerteza da vida e do seu destino leva-nos, por outro lado, a encostar ao conceito abertíssimo de felicidade todas as fraquezas que nos confirmam como seres trôpegos. Ou arrastando-nos em hedonismos envergonhados mais ou menos camuflados, ou “escondendo-nos” em excentricidades mais ou menos exuberantes.
Mas com o nosso estilo “preceituário” apenas gerimos as várias dimensões da nossa condição
Faltam-nos funcionamentos que pela sua tendência amalgamante – e portanto pouco límpida – nos ”libertem” desta quase certa “banalização” da nossa existência. Chamar-lhes-ia “funcionamentos diletantes”. A ciência já os utiliza com algum temor, a arte sempre abusou deles, e a politica foge-lhes a sete pés; falta trazê-los à levedura dos dias.
É certo que com frequência promovem e alimentam sobrancerias estéticas, mas raramente os vi mastigarem soberbas morais.
Ora de tal não se podem gabar os enjoativos “pragmatismos inúteis” e as arrepiantes“vidas bem vividas”.
A análise da realidade política ganharia mais hoje com este funcionamento “centrifugador”, do que com os cantares de de ideias feitas que embalam a populaça arreganhada e mais ou menos remediada.
Hoje, por exemplo, foi a minha Fátinha que me inspirou outra vez: Ela “diz” que quer governar Felgueiras por telefone. Eu cá por mim se for ela a pagar as chamadas não me oponho. Também já estamos habituados a ser governados de fora (segundo nos estão continuamente a informar os empreiteiros de notícias) e assim a corrupção sempre se pode controlar melhor pelas escutas.
O poder mais nobre é o poder ausente. E o poder mais forte é o poder que não se sente. O poder da possibilidade.
Quando fizermos o nosso baralho dos mais procurados do regime, Fátinha será a minha dama de ouros. Mas vai ser difícil escolher as “senas” tristes, tal a quantidade de hipóteses possíveis.
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