O novo dicionário não ilustrado avia mais meia dúzia de dispersos do “flagrantário” real ( entradas 370 a 375 )



Europa em crise – Quando a cartografia política se excitou, ficámos entregues a desenhadores de mapas com falta de canetas de feltro às cores. Os sublinhados substituíram os coloridos e - everest dos lugares comuns – os números e as palavras assumiram a vertigem de arredondar as pessoas.



Legalização do aborto – Nas prescrições para escolher as doses certas numa civilização saudável, esta página estava rasurada. A auto-medicação tomou conta das hostes, e agora não há farmacêutico que convença ninguém que a “barriga” duma mulher não é um jarrão de flores que se amanham a condizer com a cor das paredes.



Julgamento de um ditador – Quando não se consegue definir a rês do réu, a barra do tribunal é mais um aparelho de ginástica em que as piruetas garantem sempre a pontuação máxima.



Choque de culturas – Quando um véu cobre um rosto apregoando que salva uma alma, o melhor é benzermo-nos porque uma cruz pôde salvar todas.



Terrorismo – Quando o terror é feito ideologia, é o momento de desprezarmos outra vez as ideologias, porque já foram longe demais à cata dos piolhos.



Solução para o médio-oriente – Paradigma da possibilidade encalhada. Ela existe, mas está escondida algures entre o bidé onde se lava a certeza, e a fossa onde desagua a dúvida. Mãos de fada rondam o local, mas não há maneira de encontrarem a varinha no meio do sifão.

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