Hoje o novo dicionário não ilustrado ficou obcecado com alguns dos grandes sequestros da nossa condição e do nosso tempo. ( entradas 376 a 388)



Billyes reféns de Mónicas – Quando uma nódoa dum vestido, traz um homem “espermido” até ao tutano.



Corpo refém da alma – Quando uma vontade férrea é um joguete na mão dum etéreo oxidante.



Alma refém do corpo – Se um espírito nobre se entrega à ditadura das boas maneiras,

não passamos duma mosca fugindo eternamente da sopa, sem chupar sangue nem zumbir em condições.



Durão refém de Portas – É a sina duma grande mijadela. Tal como na clássica teoria do valor, os últimos pingos são os que podem estragar tudo.



Sexo refém do prazer – Quando o hermafroditismo é a ameaça que percorre as veias dum cacilheiro chamado desejo.



Homem refém de Deus – Suave submissão camuflada de amarga fatalidade pelo entulho do orgulho.



Schröder refém dos Verdes – Quando “um banana” fica entalado num molho de brócolos, a salada da crise sabe tanto a palha que só se fala dos asnos dessa paróquia porque a nora não desenvolve em condições.



Liberdade refém do destino – Um tal de arbítrio que corre livre e sem amarras, mas com apeadeiros certos por causa dos abastecimentos obrigatórios.



Paz refém da guerra – Irmãos sempre confidentes e aspirantes a uma herança comum, fazem das partilhas um regabofe de cimeiras



Benfica e Sporting reféns do FCPorto – Sempre à espreita duma “abébia”, o melhor que arranjam para desanuviar um bocadito, é fumar uma beata às escondidas, quando o Mourinho se vai distrair com uns charros a sério.



Verdade refém da notícia – Entregue à sua sorte pelo desprendimento dos deuses, a verdade vendeu a alma ao jornalismo para poder sobreviver à matilha das ideologias



Amor refém da sua correspondência – A versão desinteressada do amor caiu num poço dos jardins do paraíso, e o preço que pagou para vir para cima, foi ter de passar a vida a prestar contas à corda que o puxou.



Gasolina refém do dióxido de carbono – Nas combustões mais entusiasmadas a potência acaba por se envergonhar perante a arrogante ditadura das proletárias moléculas



Imagem refém da vaidade – Quando o "espelho" se cansou da sua mera condição física de reflector, assumiu o papel de brigada de trânsito da alma penante.

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