Dissertar sobre o liberalismo é uma perca de tempo.

O liberalismo é uma trivialidade ideológica que não acrescenta nada na “ciência” política. Enfoca de esguelha a análise do estado, e reduz-se a meia dúzia de frases feitas, que alguns filósofos bem falantes ajudaram a cicatrizar. Até um caniche pode ladrar liberalmente, mas mesmo com um belo berloque, nunca alcançará ser um ilustre, sensato e empolgante burocrata. O novo dicionário não ilustrado põe a enxugar um conceito que tem tido várias lavagens no programa errado.( entradas 353 a 362 )



Estado liberal – Espécie de "kitchenete" que algumas "casas" possuem. Algo que tem que existir porque senão até parecia mal; fica ali encafuada num canto da sala com umas mobílias de design italiano, mas o pessoal da casa o que grama mesmo é ir comer fora.



Estado absolutista – Quando o déspota iluminado negoceia o “contrato social” de forma a nunca precisar de restituir o sinal em caso de incumprimento.



Estado de sítio - Circunstância de particular interesse na qual se verifica que o amor ao próximo está encalhado no bolso dos trocos do amor ao próprio.



Estado de graça – O conceito em registo hipnótico, sonhando com uma "magna carta" escrita a feitio e um éden de mercedes novinhos em folha



Estado Nação – Conceito importado das ancestrais técnicas da doçaria tradicional, pelas quais um bolo deve ser cozinhado dentro da forma certa e sempre bem untada, senão um pudim “abade de priscos” mais parece um pastel de nata.



Estado da nação – Baronato da droga enxertado em padrinho mafioso, no qual o “beijar a mão siciliano” foi substituído pela piedosa reverência ao paternalismo racionalista.



Estado Natural – Se temos efectivamente tendência por natureza a viver em sociedade, porque é que o Aristóteles sempre se recusou a comprar o passe, e Leonardo não inventou logo o metropolitano?



Estado de direito – Este conceito derivado da subordinação dum facto-conceito abstracto (o estado) a outro que de concreto nada tem (o direito), constitui-se numa faiança do mais fino artesanato demagógico. Geralmente é exposto já em cacos.



Estado soberano – Procurando esquecer – recalcando – que mais não é senão um “protectorado-libertado”, o seu desejo secreto é mesmo proteger-se eternamente dos malandros dos seus súbditos, convencendo-os de que a outra alternativa é sermos todos um grande Burundi.



Estado pessoa de bem – Se “homo homini lúpus”, então quando “enrebanhamos” a única pessoa em quem se pode confiar é na Heidi. O próprio avozinho pode estar ao serviço do lobo.

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