Agora um pouco de política

porque não podemos passar o tempo a tratar de assuntos sérios



Corri alguns riscos confesso. Fui ler o artigo do FLouçã no Público despido do conforto dos preconceitos. Não sei...falava daquela coisa dos estudantes, com um carinho contra-corrente que apetecia; eu que até adiro com gosto pueril àquela ideia esquerdófila do ensino universal e gratuito, vejam lá...sublinhei passagens e tudo!( às escondidas claro...)



“para além do discurso etéreo das televisões sobre o país imaginado (...) existe uma política confrontada com as escolhas sociais que nos vão mudando“

Ai que ele vai fazer a folha aos mitificadores da nação! A coisa prometia...mas afinal o FLouçã , desde que o nomearam para grande descodificador da realidade, virou anjinho em FM. ... meteu a cassete do “caça liberalismos” do costume, e deixou de enxergar que não existe política nenhuma de “transformar o país num imenso mercado sem direitos sociais”. Há uma mera gestão do negócio de ocasião. O país gerido como um imenso condomínio: os elevadores são prioridade, as infiltrações no terraço devem ser pagas pelos do último andar, quem não tem as quotas em dia leva com o nome escarrapachado numa lista pregada no hall de entrada. O social é haver dinheiro para pagar à porteira. E pagar o menos possível, desde que tenha a escada limpa.

Há ‘pera aí ! ele vai definir o que pensa a esquerda e a direita....:

“ para a direita é mais eficiente socialmente fazer pagar o ensino, porque assim lá chegará quem compra esse direito (...) para a esquerda a diferenciação não pode ocorrer no acesso mas somente no mérito no uso do direito” , and again...”para a direita é uma questão de eficiência de recursos (...) para a esquerda há bens que têm custo mas não devem ter preço”

É pá, então as frases giras são todas só para a esquerda... a direita só leva com as palavras que ninguém grama...Olha ! olha,! outra frase com muita pinta:

“O elitismo mercantil defende-se ainda com a fanatização do argumento : a arregimentação do campo do poder no confronto político corresponde a uma militarização discursiva sem tréguas, em que não pode haver alternativas nem soluções, só cadáveres”

Boa malha. A esquerda em vez dos “Hossanas liturgicos” poderá passar a usar os “Louçanas apologéticos” : Corações ao alto, cá em baixo a discutir ficam os fascistas.



Um dos problemas da esquerda, continua a confirmar-se, é colocarem ao barulho a “eficiência” e a “igualdade” como se fossem do mesmo campeonato. Não são.

A “eficiência” pode bater-se com o “respeito por todos”. A “Igualdade” tem de se bater com a “máxima discriminação possível”. São dois campeonatos diferentes. A esquerda não consegue ver isto e assim entretém-se no esquema das eliminatórias. A direita deixa correr o marfim porque joga em todos os campeonatos, aproveitando ao limite as regras do jogo, sem estar sempre a pô-las em causa. A esquerda carrega tantos complexos, que passa a vida a chamar nomes aos árbitros e nem repara que tem o banco vazio.

Infelizmente a “arregimentação do confronto político” não produz “cadáveres”: este é sim feito por moribundos encarrilados em vigas ferrugentas.

"Louçanas" nas alturas e paz na terra aos homens sem vontade, mas com palavreado de acólitos mal amanhados. A paz também já não é o que era.



E eu tenho que abreviar isto porque os lagartos vão jogar com o braga e pode-me esperar um serão “em cheio”...

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