Requiem a um deus de vão de escada



Uma das tormentas que assola a minha existência é poder passar ao lado dum poema que mudasse a minha vida e que, por pequenez do meu espírito, não o reconhecesse.

Consta-me que se discute agora que a poesia está em perigo e que pode morrer. Teme-se que um novo degelo das águas turvas da realidade acabe com os dinossauros da palavra: os que ainda a tratam como os primitivos. (ideia que o JLBorges me emprestou à borla)



Se isso acontecer....



1. Ficarão apenas os bichos de menor porte, ou seja, aqueles trapalhões como eu, que só brincam com as palavras, incapazes de serem verdadeiros predadores de garras afiadas e dentes de sabre.



2. Como dizem alguns estudiosos afamados, ficará Pessoa “por resolver” e não mais atormentará a plateia dos babados que tinham pago para sessões contínuas



3. Alguns críticos poderão ir para as obras concorrer com os ucranianos directores de orquestra.



4. Os milhões de poetas portugueses libertar-se-ão desse jugo de não poderem rimar, senão chamam-lhes “aleixados”.



5. MRebeloPinto converter-se-à finalmente ao abjeccionismo, e o seu novo título será: “ Eu enrabei um editor-pop”.



6. Rir será sempre uma opção, mas apenas depois de pedir a devida autorização ao JPPereira (podem perguntar por sms)



7. O corpo passará a ser o único guardião dos sentimentos, e a alma, desprovida da "deusa-da-palavra-luz", será um mero polícia sinaleiro



8. A natureza ficará apeada do grande descodificador poético, e teremos de nos contentar com a empolgante dialéctica entre a JAE e a QUERCUS.



Pensando bem....

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