Primus inter parvus



Enrebanhando pelo tricot de links desta paroquiana blogaria,dei com um dos “escrevedores encolunados” da moda a dissertar sobre ter fundado “o primeiro” blog português.

Eis outra das “vertigens obsessivas” da nossa condição: aparecer antes do outros, ser o primogene, ter dito primeiro, ter feito primeiro, ter pensado primeiro. Olhar para trás e ver sempre uma cauda a abanar.

O novo dicionário não ilustrado apresenta-nos outras “camisolas amarelas” do pelotão. (entradas 276 a 285 )



Adão – Cortou a fita à entrada da espécie. Por causa da merda duma maçã passou o tempo todo com uma parra à frente e uma mão atrás. A costela mais atrevida deu azo a uma gaja, vá lá..., mas no afinal das contas foi um tipo que só serviu para nos infernizar e mediocrizar a existência. Abraão depois também não ajudou.



Ovelha Dolly – Não era ranhosa mas finou-se rápido. Ser copiada afinal era uma originalidade de judas. Nem a porra duma camisolita de lã se conseguiu fazer com ela.



D. Afonso Henriques – Um power ranger que nos separou da Galiza ainda sem o TGV adjudicado, condenando-nos à sina de sermos apeadeiro. Lá porque não queria ser menino da mamã não precisava de se ter esquecido dos percebes e só ter trazido para cá os tremoços.



Fernando Santos – O primeiro “engenheiro do penta” fiou-se no nome e acabou a carpir nos finados matraquilhos da lagartada.



Kandinsky – Apresenta-se como o primeiro pintor abstracto, mas acaba por se resumir a umas t-shirts e uns calendários pouco apreciados pelos camionistas. Nos postais de Natal não rende porque nem se percebe onde está o menino Jesus. Nos previsíveis museus faz figura de corpo presente a ver passar o cortejo de vénias.



Neil Amstrong – Foi o primeiro na lua, mas esta musa da noite continuou a ser um mero asteróide poético. Fez com homérico aparato o que um robot bem oleado e telecomandado num sofá também faria.



Branca de Neve e os sete anões – Primeira super produção do desenho animado, onde a utilização de um obsceno montante de recursos, não garantiu sequer a desmontagem definitiva do mistério monogâmico a que se propunha: O príncipe ficará para sempre hipotecado à boa vontade de sete anões.



Vasco da Gama – Deu com a pimenta antes de se ter inventado o saleiro, e criou expectativas de que iríamos viver num eterno banquete. Como os “chinocas” andavam entretidos na altura, deixaram-nos brincar aos restaurantes e aos serviços de porcelana durante uns tempos. Restam uns cacos a alimentar os leilões da moda.



Einstein – Na busca do absurdo absoluto descobre o incómodo relativo e a charada mantém-se. O tempo e o espaço continuam a ser a reserva poética da espécie. Fica como mais uma máquina de aforismos com os cabelos ao vento, à espera que Deus nos resolva definitivamente o assunto.



Emídio Rangel – Depois de ter inaugurado os saudosos “ Perdoa-me” e “Cenas de um Casamento”, leva agora a nobre tarefa de Marante-manager. Quando for consultor da Carris a sua “mais-que-tudo” será.... pica-bilhetes.

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