O Cunhal afinal
Porque gostamos de inventar pessoas especiais!? Cunhais de altar. Ladrilhadores de testa alta com diploma de arquitectos. Mistificações de ridícula-incontornável-importância-histórica.
Cunhal..... Prefiro ser visto como um extenso bordel bragantino do que como um lar de comunas
.
Afinal chamou-se heróica coerência a um mero instinto de sobrevivência
Afinal eram meramente tácticos os processos articulados de segredo-revelação
Afinal nem toda a gente que desenha bem tem direito a ser herói nacional
Afinal ser clandestino é a sina de qualquer bloguista anónimo
Afinal ser escritor anónimo é a sina de qualquer pipi
Afinal certa esquerda tem-lhe secreta raiva porque ele tem mais pedestal que ela
Afinal certa direita põe-lhe o “manto da glória” porque arrelia a esquerda
Afinal ele condicionou um período histórico em Portugal porque apenas estávamos confusos, mas continuamos e ele já não tem nada a ver com isso
Afinal ele acreditou no destino da história, mas vai precisar da mão misericordiosa de Deus como todos os desgraçados que instrumentalizou
Afinal as gajas gostam dele como gostam de qualquer velho de cabelos brancos
Afinal os jornalistas gostam dele apenas porque ele se mostra inacessível e até fugiu da prisão.
Cunhal.... Mais um dos fornecedores do multifacetado mito de que “estivemos quase quase”.
Acontece porque somos um país com a vertigem da tangente.
Uma mão amiga para os dependentes da história. Um mero manipulador fantasiado de idealista revolucionário.
O método histórico tem o que merece. Afinal.
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