God bless-me a mim sff



Descortino dois "estilos" de ateísmos na sacristia bloguística. O do “nunca é tarde” e o do “cruzes canhoto”. Descrêem de maneiras diferentes. Ou seja, há muitos "deuses" ( dizem alguns ) mas também há vários “não-deuses” ( digo eu).

O nunca têm um ateísmo estético e levemente sobranceiro, que eu até invejo ( fica aqui mais uma vez demostrado o meu especial apreço pela inveja, mesmo por algo que não cobiço...). Vê a ideia de Deus como “mal” pensada ou até “oportunísticamente” pensada, ou mesmo “que se fôda” pensada.

O “cruzes”, não vem agora ao caso se é canhoto ou não, amachuca evangelhos, apóstolos e concílios como uma enfardadeira automática , ou seja, tem um ateísmo que me soa a mecanicista, previsível e...redutor. Este não o invejo tanto, mas gosto de acompanhá-lo, por que geralmente reforça a minha débil fé e abre o meu espírito.

Como já se viu num meu infeliz e estéril post anterior, não sou grande amante da discussão, da livre argumentação , prefiro antes o rescrever constante do pensamento , que não motiva contrários mas antes diferentes ( outra frase banal – mas se fosse de Delleuze já seria profunda...). Ou seja, não me suscita contrariar o ateísmo. Prefiro escrever-lhe por cima: ( com respeito e jamais a encarnado )

A história da espiritualidade cristã, e até do catolicismo, se quiser ser mais “picante”, escreve-se de “intimidade de Deus com o homem”.

Ou seja, Deus está presente “dentro de nós “ duma forma "essencial" e insinuante e dissimulada, enquanto que nos outros paradeiros “mais comerciais” (como a natureza, a teologia, as escrituras, a liturgia, as tácticas proselitistas, etc.) apenas, desiludam-se, de forma acessória.

Ou não acham que um homem e o seu “qualquercoisapos” ou “qualquercoisaathos”( falta-me a erudição... ), seja lá o que isso for, é mais importante que uma paisagem, uma palavra impressa, um paramento bem cosido, ou uma converseta bem alinhada.

Portanto, refutarmos Deus duma forma essencial, é um trabalho penoso, porque é refutá-lo na nossa intimidade, e essa, sabemos todos, nunca estará suficientemente explorada e conhecida. Refutá-lo em redor dos epifenómenos até pode ser “giro”, erudito, “comercial” (repito-me ), mas é apreciarmos o “leito do prazer” (vulgo cama) pelas franjas barrocas da colcha que a cobre.

Um evangelho pode ser uma reacção, a igreja pode ser incestuosa com o império, os milagres podem ser pirotécnicos e encenados, os apóstolos podiam ser fanáticos e coxos ou chatos ( poderosas imagens que o abrupto ainda não se lembrou para a blogosfera....mas agora anda ocupado a contabilizar neurónios...), pode ter sido a Igreja católica quem produziu a bíblia, pode até haver gajos que dizem que só têm um filho porque só copularam uma vez, pode tudo.

Só que a história (e os factos em si mesmo considerados) não é uma bola de cristal.

Cada um de nós é.

O ateísmo é uma inspiração para um crente.

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