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Humana Condição

«Tenho um animal singular, meio gato, meio cordeiro. É parte da herança do meu pai. (…)

Quando brilha o sol enrosca-se no parapeito da janela e ronrona, no campo corre como louco e ninguém o consegue apanhar.(…)

Alimento-o com leite doce, é o melhor para ele, sorve-o em tragos lentos por entre os dentes de predador.(…)

Aninhado contra mim é como se sente melhor. Não é tanto uma lealdade invulgar, mas sim o instinto certo de um animal que tem no mundo muitos parentes, mas nenhum irmão de sangue mais próximo.(…)

Tem o desassossego de ambos, do gato e do cordeiro, por muito diferentes que sejam. É por isso que a pele lhe é demasiado apertada.

A salvação do animal talvez fosse a faca do açougueiro, mas como herança tenho de lha negar.»

(Excertos do conto «Um Cruzamento», de F. Kafka; ed. Relógio d’Água)

Canónicas #10


«Pois, somos como troncos de árvores na neve. Aparentemente jazem lisos, e com um pequeno empurrão conseguiríamos movê-los. Não, não se consegue fazê-lo, pois estão firmemente ligados ao solo. Mas, vejam, até isto é aparente.» F. Kafka, in ‘Reflexões’, 1912

Canónicas #5

«Uma crença como um machado, assim pesada, assim leve.», F. Kafka, in ‘Meditações sobre o pecado, o sofrimento, a esperança e o verdadeiro caminho’, nº87.
Canónicas #1

«não é verdadeiramente necessário levantar voo para chegar bem ao centro do sol, mas é necessário rastejar sobre a terra até se encontrar um pequeno lugar limpo onde o sol luz às vezes e onde é possível aquecermo-nos um pouco» F. Kafka, in ‘Carta ao pai’, 1919.
Fezadas sul-americanas. Mas com pouco picante.



Dumas famosas conversas entre E. Sabato e J.L. Borges “orientadas” por O. Barone entre finais de 74 e princípios de 75 (e passadas a livro), retirei esta passagem:



Sábato: (Con tono escéptico) Pero dígame, Borges, ¿a usted le interesa el budismo en serio? Quiero decir como religión. ¿0 sólo le importa como fenómeno literario?



Borges: Me parece ligeramente menos imposible que el cristianismo (ríen). Bueno, quizá crea en el Karma. Ahora, que haya cielo e infierno, eso no.



Sábato: En todo caso, si existen, deben ser dos establecimientos con una población muy inesperada. (Por un instante las risas se confunden con las palabras. Los dos se divierten).



Barone: ¿Y que opina de Dios, Borges?



Borges: (Solemnemente irónico) ¿Es la máxima creación de la literatura fantástica! Lo que imaginaron Wells, Kafka o Poe no es nada comparado con lo que imaginó la teología. La idea de un ser perfecto, omnipotente, todopoderoso es realmente fantástica.



Sábato: Sí, pero podría ser un Dios imperfecto. Un Dios que no pueda manejar bien el asunto, que no haya podido impedir los terremotos. O un Dios que se duerme y tiene pesadillas o accesos de locura: serían las pestes, las catástrofes..



Borges: O nosotros. (Se ríen.) No sé si fue Bernard Shaw que dijo: God is in the making, es decir: "Dios está haciéndose".



Se estes tipos falassem de gajas se calhar até Deus tinha posto a mão na consciência.