«Tenho um animal singular, meio gato, meio cordeiro. É parte da herança do meu pai. (…)
Quando brilha o sol enrosca-se no parapeito da janela e ronrona, no campo corre como louco e ninguém o consegue apanhar.(…)
Alimento-o com leite doce, é o melhor para ele, sorve-o em tragos lentos por entre os dentes de predador.(…)
Aninhado contra mim é como se sente melhor. Não é tanto uma lealdade invulgar, mas sim o instinto certo de um animal que tem no mundo muitos parentes, mas nenhum irmão de sangue mais próximo.(…)
Tem o desassossego de ambos, do gato e do cordeiro, por muito diferentes que sejam. É por isso que a pele lhe é demasiado apertada.
A salvação do animal talvez fosse a faca do açougueiro, mas como herança tenho de lha negar.»
(Excertos do conto «Um Cruzamento», de F. Kafka; ed. Relógio d’Água)
Quando brilha o sol enrosca-se no parapeito da janela e ronrona, no campo corre como louco e ninguém o consegue apanhar.(…)
Alimento-o com leite doce, é o melhor para ele, sorve-o em tragos lentos por entre os dentes de predador.(…)
Aninhado contra mim é como se sente melhor. Não é tanto uma lealdade invulgar, mas sim o instinto certo de um animal que tem no mundo muitos parentes, mas nenhum irmão de sangue mais próximo.(…)
Tem o desassossego de ambos, do gato e do cordeiro, por muito diferentes que sejam. É por isso que a pele lhe é demasiado apertada.
A salvação do animal talvez fosse a faca do açougueiro, mas como herança tenho de lha negar.»
(Excertos do conto «Um Cruzamento», de F. Kafka; ed. Relógio d’Água)
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