La Fontaine para gajas


Não sabemos o que será a humanidade daqui a uns anos mas os dados apontam para que será o que a mulher quiser. É, diz-se, uma inevitabilidade demográfica e sociológica.

Daqui a não muito tempo as mulheres serão mais preparadas e mais desenvolvidas que os homens em praticamente todas as competências técnicas - menos nas, ditas, físicas (valha-nos Santo Itálico).

Poderíamos já daqui partir para a caracterização da womanização do mundo, uma subjugação, novo enquadramento vá, do macho, um triunfo da pele macia, enfim, por aí. 

Falso; ou, pelo menos, pouco o torna previsível e menos ainda determinado ou fatal. Os animais não vão falar e as mulheres não vão mandar.

Três fenómenos podem ocorrer. 

Por um lado a mulher pode pura e simplesmente decidir que, ok, sabe mais, é melhor, mais preparada, mas não quer mandar e prefere o remanso da tal liderança pela influência, ou liderança pela hormona. Ou seja, ficamos na mesma, a mulher contenta-se em manter-se à espreita com o estatuto em riste. A lírica vence o drama e a tragédia mete o rabinho entre as pernas da comédia.

Mas noutro sentido pode dar-se a evolução: a mulher acaba por ir ficando parecida ao homem, ou seja, vendo-se com mais saber e poder vai aderindo ao modus de macho; hélas, afinal uma sociedade dominada pelo homem era apenas a sociedade refém dos argumentos do poder. O cromossoma do poder é mais forte que o cérebro de vénus. A mulher é afinal um homem que é mulher. Ou seja, ficamos na mesma e quanto muito mudamos o nome à lesma.

Uma terceira via podemos ainda simular. A mulher, ao chegar aos píncaros do saber e do poder, introduz a tão badalada sensibilidade feminina, carrega a humanidade de sextos e sétimos sentidos e o mundo fica tão mas tão mais sensível e bom que o homem conforma-se , adapta-se, fragiliza-se taticamente e, os que puderem, põem o pénis a render. A mulher primeiro alambaza-se de tanto domínio (não nos esqueçamos que a mulher, mesmo mais sábia e poderosa continuará as funções que lhe foram destinadas pelo grande feiticeiro do reino animal) mas um dia verifica que ser homem afinal dá trabalho e implica muita renúncia. Claudica e oferece (devolve) o posto de comando aos reis da penilândia. Ora bem, ficamos na mesma já se vê. A mulher, confirma-se, tinha sido apenas uma invenção bem-sucedida da poesia quando já não tinha verba para mais paisagens.

Tanta revolução demográfica para ir dar nisto.

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