O amor pela desigualdade é algo difícil de alcançar sem se
cair na armadilha da excentricidade. Ninguém gosta de ser igual a toda a gente
mas poucos gostam de ser tratados como diferentes, porque diferença é
geralmente diminuição e alienação.
Por regra somos seres desinteressantes, demasiado centrados
em nós próprios, incapazes de nos abstrairmos das condicionantes básicas da
nossa singular existência, generalizantes compulsivos e exceptuantes bacocos.
Fazemos da previsibilidade a nossa maior virtude e
suspiramos pelo reconhecimento alheio com a mesma candura que exigimos misericórdia
pelos nossos erros, à qual chamamos justiça. A religião é uma secreta arma que
sacamos em momentos de matemática mais complicada mas que descartamos logo na primeira
oportunidade em que nos aparece um ás na mão, vindo eventualmente da manga.
Todas as revoluções foram até agora um desperdício e
espremidas deram um suco meloso a que chamamos liberdade aprisionada pelas pírricas instituições. Ninguém consegue hoje mandar foder nada em condições, muito menos
Deus.
A nossa maior derrota está numa unidade de defeitos. A nossa
maior vitória é a diversidade de camuflagens.
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