Varoufakis, meu amor



Querido Varou, não vás nas conversas deles, diz-lhes que não precisas, que eu já prometi ajudar-te e trato de tudo. Nós cá no FMI nem gostamos de euro, o euro tira-nos negócio, e eu arranjo-te nos saldos uma moeda nova, toda janota, vais ver; e até te deixo outra vez brincar às escolas e às enfermeiras comigo. Diz ai ao Tsipras que se ele quiser também faço uns relatórios a dizer bem da revolução, da luta de classes, contra a propriedade privada, e o Blanchard escreve os estudos que eu lhe pedir. Não te vais arrepender, vais ver, eu arranjo maneira de ires pagando tudo depois devagarinho, às prestações, sem aleijar os joelhos de ninguém, nem teres de vender os anéis como fizeram os tugas. E com uma moeda nova, vais ver, nem deixamos que o euro sirva nos carrinhos dos supermercados e depois já ninguém os quer. Diz-lhes que não, não, e não!, manda à fava aquele Dijsselbloem, ou dijesselblom, ou djiselbom, ou bissolvon, ou lá o que é, e ele que vá esticar os caracolinhos do cabelo na cabeleireira da merckel. Fugimos os dois, deixamos um bilhete ao Junker a desejar-lhe um bom Natal e depois quando tudo estiver mais calmo vamos ao BCE dizer-lhes que afinal era tudo brincadeira e que o schauble tem uma cave com notas e que no passado era tesoureiro em auschwitz. Olha, já ando fartinha de ditadores descendentes dos Incas e de chefes de tribo do deserto. Não me falhes agora no teu amor descendente das epopeias, carequinha. Sempre tua, Christine L.

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