A grande dificuldade em enfrentar a realidade fora do pentágono:
feitio do putin, camisas do tsipras, contabilistas do bes, pildra do socras e
sombras do gray, leva-me a desviar e concentrar o esforço de sincretismo na
maquilhagem de Uma Thurman
Em primeiro lugar quero dizer que gostei. Gosto de
mulheres-cera, elegias ambulantes ao betume, avatares de faraós. Uma mulher que
não se besunte cirúrgica e generosamente de maquilhagem, pura e simplesmente
não anda aqui a fazer nada, nem sequer é digna de ter rugas e deverá passar
directamente da pele bébé para o curtume. A emancipação da mulher é, sim, uma
guerra de curtumes e não de costumes.
A outra mulher que marca assim a realidade é: Cristine Lagarde.
Nada a ver com a sua FMInilidade, mas tudo a ver, sim, com o look de couro fatal
que apresentou naquela última reunião do conselho qualquer-coisa (se houver um
mortal que consiga dizer o nome correcto dos conselhos todos que se têm reunido
nos últimos tempos terá direito a um lanche ajantarado com a Moura Guedes no
intervalo do quem quer ser milionário). Claro que passos coelho nem olhou para
o grego, pois couro daquele não se encontra nem em massamá nem em são bento e
iogurtes há em qualquer pingo doce.
Ou seja, a mulher tem ao seu alcance duas grandes medidas
para se impor na grande revolução dos curtumes que ainda falta fazer: ou
maquilhagem a arredondar a bochecha ou couro brilhante a aconchegar a nádega.
A mulher perfeita hoje é assim uma mistura entre gueixa
& lara croft , alguém que se impõe com uma cara lisinha e esticada e uma
silhueta apertada, alguém que olha para a realidade e diz: não aqueçam muito
isto porque senão derrete-se-me a pintura e cola-se-me a napa ao cu. E perdõem-me
as mamas pela injusta ausência de protagonismo, mas quem investe no silicone,
já se sabe, cria muita distância nos aliados e torna-se uma Ucrânia, sendo
vista e desejada como uma mera mulher-tampão.
De resto, de resto, parece-me que muito bem anda isto. Viva
o capitalismo apócrifo e os evangelhos sinóticos.
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