Estando impedidos de criar – com cê grande – resta-nos definir ciclos, algo em que, diga-se, temos
(nós, a humanidade pensante) mostrado uma competência bastante decente.
Claro que o rolo da história trata de os ir amalgamando com
o decorrer do tempo; por exemplo, se hoje, e só depois do 25 de Abril, podemos
encontrar o (i) ciclo pós revolucionário, (ii) o ciclo cavaco, (iii) o ciclo guterres,
(iv) o ciclo sócrates e (v) o ciclo passos- troika (coitado, será que nem
sequer vai ficar com um ciclo só dele?) daqui a uns anitos tudo isto não será
mais do que um ciclo maiorzito (ao qual ainda se juntarão o (vi) período
salazar e (vii) a primeira república – dos detrás – e mais uns quantos que
ainda virão no futuros) que, se calhar, os nossos trinetos chamarão de grande ciclo
bosta ou então ciclo maravilha, consoante a parte do copo para que estejam a
olhar. Certo é que daqui a uns anos Salazar e Cunhal, Afonso Costa e o Cardeal
Cerejeira, Gungunhana e Vasco Santana farão parte do mesmo descritivo da
história, eventualmente até vizinhos no mesmo – e único - parágrafo.
Ora feito o devido e prévio desconto, vários condimentos da actualidade
recente permitem-nos estabelecer que um ciclo(zinho) iniciado em 200? estará
para terminar. Temos exemplos tipo geop’lítica: Obama a dar de frosques, os
russos a fazerem cruzeiros na Natolândia, um terrorismo islâmico com pretensões
de Estado; e temos exemplos tipo realit’show: o Gespatifado, os carapaus de
corrida da PT a passarem a PTinga, metade do país rendido aos encanto$ dos
herdeiros de agostinho neto e outra metade rendida aos encanto$ dos herdeiros de deng xiao
ping; enfim, melhor melhor, só despachar o Estádio da Luz embrulhado por Christo (com
Jesus lá dentro, obviamente) já que não conseguimos enfiar o Braz &
Braz na Alibaba.
Há no entanto coisas que nunca mudam – e assim nos asseguram
estarmos ainda no mesmo programa de computador : o Lobo Antunes continua a dar
entrevistas (a pretexto de livros especializados e destinados a decorar estantes), e os cabeleireiros
continuam a ser paneleiros. É o chamado denominador comum da História.
Então e qual é a melhor maneira de nos prepararmos para um
novo ciclo? Sabermos que em princípio iremos cometer os mesmos (alegados)
erros, só que desta vez serão chamados ‘medidas’. Saber que o preto voltará a
ser branco, mas ‘branco sujo’. Saber que tudo será (felizmente) igual, mas
desta feita (felizmente) ‘diferente’. Saber que de tudo sabemos sem nada saber;
melhor é impossível.
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