A arca de Nelo #2


A arca de nelo está ancorada junto ao mar da palha com vista para a casa dos bicos, onde mme saramaga ainda pensa que estamos todos ceguinhos, e o ambiente no convés é de alguma expectativa: aparentemente portas e passos já foram na enxurrada mas ainda não se percebe se é o momento certo de desembarcar. Inesperadamente aparece um pardal vestido de Wellington a segurar um novo livro de gonçalo m tavares no bico, com o título: ‘pilhagens da minha terra’. Josefa Noémia avisa então Nelo Duarte de que se calhar os ingleses tomaram conta disto para fazerem corridas de galgos. Gera-se alguma consternação entre as parelhas de reserva mas Joana amaral dias, alheia às convulsões, avisa que só vai a terra se estiver garantido que o salão de beleza que lhe estica o cabelo e põe betume na cara ainda está operacional. Nelo acha que está na altura de largar o leme e tomar as rédeas. Reúne toda a tripulação, sobe para uma réplica do cavalo de d. José em gesso, e anuncia: doravante serei proclamado Nelão Duarte e irei tomar conta do País. Os casais que estiverem comigo serão nomeados generais de freguesia. Acabou o tempo do protectorado, das troikalinadas e dos cismas grisalhos, viva a União Platinada. Há lugar para todos: piegas, coninhas, machetes e zorrinhos, desde que chamem de imperatriz à minha josefa noémia. A minha primeira medida será fazer um viaduto sobre o marquês e um túnel entre o barreiro e o cais do Sodré: o povo deve perceber que há alternativas.  Distribuição de kerastase para todos os carecas e push-ups para as mamocas de todas as tábuas de engomar. Quero tudo de cabeça levantada e a encher o peito de ar.

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