Desde que o homem decidiu que os astros lhe comandariam a
vida que dividimos o tempo em anos e os anos em meses. Daí até duodecimarmos a
existência foi um pulinho mais curto que aquele que leva a gosma da faringe ao
céu da boca. Assim, confrontados com uma marcação de passo que era
imposta pela posição da nossa lua face ao nosso sol, quisemos libertar-nos desse
espartilho astrológico através daquelas delicatessens
cronológicas chamadas décimo terceiro mês e subsídio de férias. Foram épocas em
que o homem se pensou um mago do tempo, um esticador de horas, um novo deus do
calendário. Foram décadas bonitas, em que espatifávamos uma bastilha em cada
seis meses, mesmo sem ser preciso ver a praia debaixo das pedrinhas da calçada.
Mas vamos agora voltar ao mísero ano-de-doze-meses, ficando novamente reféns da
ditadura da traslação e teremos de pôr a imaginação outra vez a trabalhar para driblarmos
o inexorável. Como se não bastasse termos perdido a companhia desses dois
duodécimos suplementares, aos quais inclusivamente já tínhamos o próprio corpinho
habituado, verificamos que os restantes ficam mais vulneráveis à fiscaloscopia e observamos então que nos enfiarão pelo duodécimo adentro, qual fanáticos da biopsia
e do folículo, um tubinho frenético e curioso que não vai descansar enquanto o
ano não ficar com onze meses.
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