salafixologia


Ao contrário do que somos levados a pensar, o epíteto «salazarento» , que alegadamente terá ofendido Gaspar, victor e ministro,  não se deve tanto ao mobilizador ideológico-idiomático 'salazar', mas antes ao sufixo 'ento' que, com o aditivo do 'z' já possuído pelo referido salazar nos conduz directamente a 'cinzento', cor interessante para combinações mais clássicas no vestuário, mas que nos remete para um universo de retrogradismo e bafio. Vejo assim que está ao nosso alcance definir uma nova classificação semântica dos vários salazarixos. Observemos. Se utilizarmos o  'salazarosa' podemos lograr injuriar a preceito alguém que esteja próximo do lobi gay; se quisermos dizer que um politico está com um discurso mortiço e cambaleante poderemos chamar-lhe um 'salazarombi'; se por acaso alguém entrar por um discurso decadente de vaidade e bazófia poderemos utilizar o novel adjectivo 'salazarófia'; se pretendermos desconsiderar alguém e as suas ideias julgo que a utilização de 'salazareco' será de muito bom efeito. Por outro lado, ao nos depararmos com alguém que esteja a misturar tudo, naquela onda de que está tudo ligado e que tudo é igual a tudo, dará muito boa serventia a expressão achocolatada de 'salazarame', e se nos aparecer algum artolas com um estilo de romancista chato e arrastado não ficará mal de todo chamá-lo de 'salazarola', com emílio ou sem emílio. E então, por último, e para ir jantar, se quisermos arranjar uma designação acutilante para o que acabei de escrever, muito bem ficará chamar-lhe um post da salazareta.

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