Tsunicómio II


No dia da sua implantação o presidente da dita nem sequer pode sair à rua. Não é bonito e não há busto que disfarce o desconforto que isso devia significar para quem tenha um pingo de sensibilidade e bom senso na pinha. Não se trata de um efeito secundário da hibernação de soberania em que vivemos, é importante que se diga, trata-se duma má ponderação do momento que vive o País. Um presidente que não está próximo do país, mesmo que essa proximidade fosse litúrgica ou fetichista, perdeu a sua função. Já não é símbolo, já não é refúgio, já não é inspiração e muito menos referência, tornou-se um saco de boxe, um desabafador, uma espécie de relvas com estudos. Com a relação entre cidadão e Estado a ficar reduzida e estrangulada numa relação de sacador-contribuinte vêm abaixo todos os pilares duma sociedade que se arrastou nos séculos a tentar eliminar despotismos, prepotências e iniquidades. O presidente eleito duma República  devia dar o peito ao saque e ter consciência que não está ali por nascimento ou golpe de estado, que tem um compromisso de lealdade para com aqueles que aqui nasceram sob pena de, com a sua pose, se tornar num portas de boliqueime. As instituições são importantes quando significam uma organização de poderes e conhecimentos, quando anulam os efeitos duma turba raivosa ou duma facção sinistra, quando fazem a ligação entre cada indivíduo e todos os indivíduos. O Presidente da República Portuguesa não pode ser o Administrador duma Fundação de Senadores. Para ser a salvaguarda dos direitos das pessoas não basta a representatividade, é exigível a comunhão. Ora actualmente a comunhão que se vive nem mística é, resume-se a um solilóqio num qualquer pátio da galé. E cá fora o povo feito ralé.

4 comentários:

Anónimo disse...

Excelente.

maria disse...

Excelente bis.

aj disse...

humm...um bis! Alors, un gros bisous pour vous! :)

maria disse...

:)

autre pour vous!