Meus queridos amigos e companheiros nesta arte da busca do
epigrama ideal, a História recente mostra-nos que nem sempre as frases sabem
estar à altura dos acontecimentos e nem sempre os acontecimentos sabem estar à
altura das frases. Não será novidade se vos disser que determinadas frases
mudaram o curso da história, não será novidade se vos disser que ideias mal
expressas transformaram-se inadvertidamente em novas ideias e não será novidade
se vos disser que vivemos os tempos em que se matam as mensagens para poupar e manter
os mensageiros.
Como trazer de novo as ideias para a frente da História? Só
nós o saberemos fazer: cuidando do belo
efeito. No Jardim do Tempo florescem pequenas pérolas floridas que escapam
às multidões, seja por negligência, distracção, ignorância, insensibilidade, ou
mesmo desprezo e só nós podemos cuidar desses canteiros, só nós poderemos dar ao
mundo a cor e o cheiro que ele necessita neste momento.
Tem sido claro que a retórica moderna se concentrou em
desviar a atenção das pessoas do essencial para o acessório, pois revelou-se
mais rentável manipular o acessório, é mais fácil levar-nos a crer que a
bondade é um subterfúgio da beleza do que o contrário, é mais fácil fazer-nos
crer que a felicidade é uma filha dilecta da vontade do que mostrar-nos que a
vontade é uma enteada das circunstâncias.
Temos de saber estar à altura do momento que a História nos
entrega, e temos de saber lidar com os grandes sifões do Tempo. A partir de
hoje está lançado o embrião para o movimento da nova demagogia, rumo ao Partido
do Belo Efeito. Será a casa comum da frase ideal, da frase inspiradora, da
frase que nos mostrará o caminho certo, num ambiente hegeliano de nova geração.
'A realidade terá de se juntar a nós', será este o nosso lema.
Excerto do Discurso de tomada de posse de Flaubert Queirós
como 1º Bastonário da Ordem dos Epigrafistas, eleito em Outubro de 2012.
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